Diferentes teorias sobre o imperialismo
Introdução
Nos últimos séculos, várias práticas de dominação territorial fizeram com que culturas se fundissem e países buscassem o domínio económico e militar sobre outros. Nesse contexto, ganha destaque o Imperialismo, um mecanismo de expansão territorial que levou grandes consequências para diversas nações, especialmente na construção cultural da África e da Ásia.
Portanto, neste presente trabalho visa-se debruçar sobre as diferentes teorias sobre imperialismo. Importa referir que o Imperialismo consiste em uma prática de expansão política, cultural, económica e territorial que parte de uma nação buscando dominar outras. Assim, estados com muito poder, principalmente bélico e económico, exercem suas forças para conquistar territórios e aumentar sua influência sobre outras regiões do globo.
Diferentes teorias sobre o imperialismo
Definição de imperialismo
Imperialismo é a prática através da qual, nações poderosas procuram ampliar e manter controle ou influência sobre povos ou nações mais pobres.
Algumas vezes o imperialismo é associado somente com a expansão económica dos países capitalistas; outras vezes é usado para designar a expansão europeia após 1870. Embora Imperialismo signifique o mesmo que Colonialismo e os dois termos sejam usados da mesma forma, devemos fazer a distinção entre um e outro.
Colonialismo normalmente implica em controle político, envolvendo anexação de território e perda da soberania.
Imperialismo se refere, em geral, ao controle e influência que é exercido tanto formal como informalmente, directa ou indirectamente, política ou economicamente.
As diferentes teorias
No período de 1880 a 1914, África foi retalhada e efectivamente ocupada pelas potências industrial e coloniais. Esta nova condição do continente africano perante a dominação europeia foi bastante questionário sobretudo pela rapidez e facilidade com que ocorreu a conquista, usurpação dos territórios e do poder da vasta África, bem como a montagem dos sistemas administrativos coloniais.
Procurando responder a este grande fenómeno de partilha de África e da acção imperialista sobre os territórios e povos africanos, historiadores, especialistas, cientistas sociais e políticos desenvolveram um conjunto de teorias de natureza diversa, de certa forma controversas e contraditórias. É assim que, para por termo a esta discursão, quatro teorias sobre a partilha e o imperialismo são desenvolvidas com vista a justificar a forma agressiva do processo de ocupação.
As teorias podem ser classificadas de seguinte forma:
- A teoria económica de John Atkinson Hobson;
- A teoria psicológica, baseada no eurocentrismo;
- A teoria diplomática;
- E a teoria da dimensão africana.
Teoria económica de John Atkinson Hobson
Segundo John Atkinson Hobson, o que determina a conquista e a expansão dos territórios são as razões de natureza económica, pois isso é que impulsiona a política de partilha, leva o capitalismo europeu a apoderar – se de novos territórios e, consequentemente, que tem a decisão final sobre novas conquistas é o poder financeiro.
Vários estudiosos, como Vladmir Lenine, George Ledebour e Rosa Luxemburgo dedicaram-se a este assunto, mas John Atkinson Hobson foi considerar o que melhorar explana esta teoria.
Para este “a superprodução, os excedentes de capital e o subconsumo dos países industrializados levaram – nos a colocar uma parte crescente dos seus recursos económicos fora da sua esfera política actual e a aplicar activamente uma estratégia de expansão política com vista a se apossar de novos territórios (…) ” (Uzoigwe, 1991, p. 44).
Estava aí a “raiz económica” do imperialismo, embora alguns países sem poder económico considerável tinham participado na expansão colonial e imperialista.
Teoria psicológica
Esta teoria acredita na supremacia da raça branca e divide-se em darwinismo social, cristianismo evangélico e atavismo social.
- Darwinismo social
Os europeus, baseando-se na obra de Darwin A origem das espécies, defendem a existência de raças superior (evoluídas) e inferiores (não evoluídas).
A submissão da raça inferior (não evoluídas e, neste caso, negra) á raça superior (evoluída e, neste caso, branca) é um processo natural, onde o forte domina o fraco na luta pela sobrevivência.
Para os defensores desta teoria, este foi um dos principais motivos que, de forma inevitável, precipitou a corrida para a África e a dominação dos africanos.
- Cristianismos evangélico
Esta teoria sustenta que a partilha de África se deveu a um “ impulso missionário ”, em sentido lato, e humanitário com o objectivo de “Regenerar ” os povos africanos.
É importante lembrar que foram os missionários que prepararam o espaço para a conquista imperialista, no caso concreto da África oriental e central e em Madagáscar, particularmente.
- Atavismo social
Segundo o economista Joseph Schumpeter, o imperialismo é um egoísmo nacional colectivo, impulsionado pelo desejo natural do Homem de dominar o próximo. É a manifestação de um Estado se expandir ilimitadamente pela força. O imperialismo é considerado aqui como sendo de carácter atávico, o que quer dizer, uma manifestação de uma regressão aos instintos políticos e socais primitivos do Homem, que, segundo Uzoigwe (1991), talvez se justificassem em tempos antigos, mas certamente não no mundo moderno em que se dá a colonização.
O que se pode afirmar é que as teorias psicológicas, embora apresentem algumas verdades, não conseguem explicar o porquê da partilha de África naquele momento histórico determinado, onde as sociedades já se confrontavam com princípios baseados nos respeitos pelos direitos humanos.
Teoria diplomáticas
As teorias diplomáticas fornecem explicações puramente políticas das partilhas, constituindo um suporte específico e concreto às teorias psicológicas. Conforme Uzoigwe (1991), esta teoria permitem visualizar os egoísmos nacionais dos estados europeus em momentos de conflitos entre eles ou ainda em conflitos com os outros, agindo em acordo para se defenderem ou reagindo decisivamente contra as forças dos nacionalismos africanos.
Teoria da dimensão Africana
(…) Por um lado, é possível conceder regiões onde o abandono do comércio de escravos se deu sem choques nem perda de rendimento e onde as tensões foram controladas. Em caso tais, a explicação do retalhamento colonial deverá salientar os factores externos, como as considerações mercantis e as rivalidades anglo- francesas. No outro extremo, é possível imaginar casos que os chefes indígenas adoptaram atitudes de reacção, não hesitando em recorrer a métodos predatórios, na tentativa de manter o rendimento em que os conflitos internos eram pronunciados.
Nesses casos, peso maior deve ser dado, na análise do imperialismo, às forças de desintegração activas no seio das sociedades africanas, sem negligenciar, todavia, os factores externos.
Hodkins, historiador da visão africanista, desenvolveu a teoria da dimensão africana. Este autor considera que os factores europeus, assim como os Africanos, terão influenciados a partilha de Africano e rejeita a ideia de que a partilha era inevitável, como defendem alguns escritos da história europeia. Hodkins admite que foram essencialmente os motivos económico que animaram os europeus e que os primeiros focos de resistência africanas precipitaram a conquista militar efetivas.
Sendo assim, parece de facto que a teoria de dimensão africana oferece um quadro global e histórico que explana melhor a teoria sobre o imperialismo, comparando – a com outras três, que se caracterizam como eurocêntricas.
Imperialismo na África
Os avanços imperialistas na África aconteceram em grandes incursões violentas, como a Bélgica (apoiada por Holanda e Inglaterra) na colonização escravagista do Congo. Outro cenário relevante nesse avanço se deu pela descoberta de diamantes no que é hoje a África do Sul, levando à colonização inglesa da região.
Toda a partilha africana levou a um cenário de completa dominação europeia, na qual os países dominantes exerciam seu próprio modelo capitalista. Apesar de alguns setores produtivos estarem sob o controle da população local, a influência política e econômica era totalmente exercida pelas nações europeias, o que terminou em um domínio completo do continente.
Imperialismo na Ásia
No caso asiático, a presença europeia já era bastante forte desde o século XVII, com a presença da Inglaterra na Índia. Essa influência cresceu ao ponto de a Coroa Britânica indicar um governador-geral para a região contando, principalmente, com o enfraquecimento das autoridades locais.
Já no século XIX, após encontrar a concorrência forte de nações como Estados Unidos e Japão, a Inglaterra aumenta seu domínio na Ásia, chegando até mesmo a anexar oficialmente alguns territórios, como Hong Kong. Após o processo de industrialização japonesa, a nação nipônica se torna uma grande potência, exercendo sua dominação em territórios da China e da Coreia.
O processo do Imperialismo ditou boa parte da organização mundial nos últimos séculos, sendo responsável por grandes conflitos e desaparecimento de culturas e povos. Até os dias de hoje, as práticas imperialistas dominam o cenário internacional, repercutindo de maneira intensa nas relações políticas em diversas partes do globo.
Conclusão
Terminado trabalho, pôde concluir-se que ao compreender as terias sobre o imperialismo, podemos automaticamente compreender as dificuldades que certos países têm até os dias actuais. As marcas profundas deixadas pelo colonialismo se reflectem em suas culturas, políticas, economias e são vistas com clareza nas guerras e massacres causados por diferenças étnicas. São países ainda, de certa forma, dominados pelas nações poderosas. É a esse domínio que chamamos Imperialismo.
O Imperialismo chegou ao seu ponto de saturação no início do século XX, quando as tensões nacionalistas se tornaram mais veementes. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é fruto directo dessa saturação.
Bibliografia
- BUSH, Barbara Imperialism And Postcolonialism (em inglês). [S.l.]: Pearson Longman. p. 46. 2006
- FERNANDES, Cláudio. «Primeira Guerra Mundial: A Grande Guerra». História do Mundo. Consultado em 7 de julho de 2017
- MASON, Anthony. Memórias do Século XX: Vol. 1 - O Surgimento da Era Moderna. Tradução de Maria Clara de Mello Motta. Rio de Janeiro: Reader's Digest, 2003.
- www.semnegtiva.blogspot.com