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Introdução O presente tópico aborda um tema bastante importante, tema este que diz respeito a sociedade anónima, onde veremos que uma Socied...

Vida e Obra de Ungulani Ba Ka Kosa

Introdução
A obra “Ualalapi”, do escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Kosa, foi publicada em 1987 e em 1990, ganhou o prémio de melhor ficção moçambicana. Em uma primeira impressão, o livro apresenta uma boa impressão, que invoca a leitura, sobretudo no tamanho pois é um livro que contém poucas páginas. O que foi inevitável notar na tiragem usada para a elaboração deste trabalho, foi a presença de vários erros ortográficos sobretudo no primeiro “episódio” nomeadamente “Ualalapi”. A obra contém seis episódios nomeadamente Ualalapi, A morte de Mputa, Damboia, O cerco ou fragmentos de um cerco, O diário de Manua e O ultimo discurso do Ngungunhane. Estes episódios encontram-se separados por líricas em forma de prosa chamados de Fragmentos do fim.
Os episódios deste livro narram acerca dos conterrâneo e contemporâneo de Ngungunhane, pelo que na maioria das vezes parte da sua família, exceptuando o último que tenta trazer aquilo que foi a seu discurso antes de deportado para a ilha de Açores.
Ungulani, como sempre, “estupra” a palavra, colocando expressões de citchangana em seus textos, falando práticas da cultura o mesmo nome e na minha óptica, pintando um imagem negativa sobre Ngungunhane, na verdade se isto for olhado de forma negativa pode suscitar e fortalecer o tribalismo que até hoje reside nas nossas personalidades.

Vida e Obra de Ungulani Ba Ka Kosa
Ungulani Ba Ka Khosa, nome tsonga (grupo étnico do Sul de Moçambique) de Francisco Esaú Cossa, nasceu a 1 de agosto de 1957, em Inhaminga, província de Sofala. Formado em Direito e em Ensino de História e Geografia, foi cronista em jornais, cofundador da revista literária Charrua e diretor-adjunto do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual de Moçambique.
Exerce atualmente as funções de diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco e é secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos. Com a sua obra de estreia, Ualalapi (1987), integra a lista dos cem melhores autores africanos do século XX, vindo a ser desde então largamente premiado. É também autor de Orgia dos Loucos (1990), Histórias de Amor e Espanto (1993), Os Sobreviventes da Noite (2005, Prémio José Craveirinha), Choriro (2009), O Rei Mocho (infantojuvenil, 2012), Entre as Memórias Silenciadas (2013, prémio BCI para o melhor livro do ano) e Cartas de Inhaminga (2017). Em fevereiro de 2014, em cerimónia ocorrida em Maputo, foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

RESUMO
Ualalapi
Ualalapi é chefe de um grupo de soldados, e na volta de mais uma batalha todos carregados de animal caçado e ansiosos para ver suas famílias, encontram uma serie de actividades paranormais em sua aldeia, pessoas morrendo e formas estranhas. Essas pessoas incluem o rei que o seu corpo já encontrava-se com os indivíduos importantes do império, estes que devem acompanhar o seu apodrecimento. Dai dá-se palavra ao filho do falecido rei e este diz que o pai teria deixado o trona para ele, disse também que não baixaria a guarda prova disso é que a partir daquele dia seu nome não era mais Mudungazi mas sim Ngungnhane e todos o temeriam como as furnas onde introduzem os condenados e ninguém iria aproveitar-se mais do reino como teria feito o seu tio Mawewe graças aa bondade do seu pai Muzila.
Bem cedo, homem de nome Manhume e guerreiros do seu comando receberam ordens de ir executar Mafemane, mas ao chegar em sua aldeia ele transmite uma serenidade e pede para voltar para mata-lo mais tarde porque ainda queria despedir-se da família, o soldados com medo voltam aa casa onde tenta expor a situação e levaram alguns apedrejamentos verbais por parte da tia do rei, Damboia, esta que depois sugere que vá Ualalapi, Maguiguane e Mputa e outras guerreiros para trazerem o cadáver de Mafemani a todo preço. Contudo estes foram executar a ordem mesmo com a dor no peito da esposa e filho de Ualalapi que depois morreram de desgosto. Chegados lá armaram um plano, em que Mputa e Maguiguane avançavam e Ualalapi ficava atras. Avançam e encontram Mafemane os esperando, dizendo estar preparado para morrer e transmite-lhes uma serenidade e dai uma serie de actividades paranormais acontece, dificultando que o matassem até que Ualalapi lança a lança de longe que crava-se no peito dele e depois de um serie de eventos ele morre deixando a família numa interminável tristeza.

A morte de Mputa
Em uma manha, Domia sentiu umas dores mas não preocupou-se, pois, as dores vinha sempre que pensava na vingança pela morte do seu pai, Mputa, qua fora condenado aa morte graças as calúnia da inkonsikazi do rei Ngungunhane dizendo ter a cortejada, sendo que testemunhos como Molungo tio de Ngungunhane afirmam que a inkonsikasi é que o perseguia como um animal no cio. Mesmo assim o rei sentenciou-o a morte, pena digna para uma aquele que ousa cobiçar a inkonsikazi do rei, Molungo pede para reduzir a pena para talvez cega-lo, dai o rei reúne todo o império e declara ele culpado independentemente da situação pois ele era um cão. Dai o condenado toma a palavra e diz nunca ter envolvido se com a rainha e que tudo era uma calunia mas que como a palavra da rainha era sagrada nunca o compreenderiam e pediu ser envenenado, falou com tanta serenidade que intimidou ate o rei que depois aceitou o pedido dele, fazendo ele tomar o “mondzo”, só que o veneno demorou dar efeito e o rei achou que ele fosse feiticeiro e mando que o espancassem até a morte.
Então Dumia sentindo-se preparada para a vingança foi ao aposentos do rei com uma faca, usou os seus atributos de Mulher para intimida-lo, foi descoberta, esfaqueou-o a perna e a estupram, depois ela chamou-o de cão, o rei sentiu-se ofendido e mandou mata-la.

Damboia
Damboia era tia de Ngungunhani que morreu de algum tipo de hemorragia vaginal, o que impediu a realização de um ritual sagrado, “Nkaia” que só não ocorre quando o rei morre, este não ocorreu mesmo estando em momento de desespero. Ngungunhani disse que a saúde da tia era mais importante que o desespero do reino. E ordenou para que intercedessem pela saúde da Damboia, como já teria feito para outras pessoas do reino e mandou Maguiguane para a terra dos Machopes realizar uma matança para que não risse da sua desgraça. Dias depois acontece uma actividade paranormal, começa a cair uma chuva amarela como se fosse ranho, que não só fez mortos mas também desalojados. No último sábado de Março morre Damboia de dor e com ela a potência sexual de 5 homens da aldeia, muita gente da aldeia julgou-a por envolver-se com vários homens mas seu sobrinho a defendeu. Ciliane, serva de Damboia, conta que a morte, poderia ser pela da maldição de homens que ela teria matado por negarem envolver-se com ela.

O cerco ou fragmentos do cerco
Para saber quantos soldados restavam ou quantos homens ainda estavam vivos, Maguiguane andava de acampamento em acampamento conversava com os homens e no final do dia dirigia-se a sua cubata, para descansar, certo dia, pensou no rei e em simultâneo o rei pensa na Vuazi, sua mulher que o abandonara e Vuazi pensa no Karnal Samadi, seu amante. Tempo depois Maguiguana adormece e sonha com serpentes a devorarem-no a si e a sua equipe, mulheres perdendo-se, hienas famintas aproximando-se. De manha ele procura Mabiau seu conselheiro dizer – lhe o significado do sonho, o sonho significava que sofreriam um ataque dos Machope. E assim foi, vencidos os Machopes, Xipenanyane e Maparato mataram Bingane, e outros companheiros de Maguiguane, este que somente ele só sentia-se vitorioso.

Diário de Manua
Um dos filhos de Ngungunahane respondia pelo nome de Manua, em Julho de 1892, ele, embarcou no paquete Pungue aa Lourenço Marques era um dia nublado, e chovia fracamente enquanto o barco flutuava, Manua conviveu com os portugueses, comeu peixe, e bebeu vinho, ao dormir sonhou com em casa e com o corpo do seu pai coberto de cobras acordou sentiu-se mal e vomitou sujando o navio mas não penalizaram por se tratar do filho do rei. Manua tinha estudado e vestia se como branco, assim logo que parou de vomitar, pegou num papel caneta e tinta e escreveu o que tinha acontecido, tiveram que colocar guardas na porta de Manua para que alguns portugueses não fizessem mal. Chegado a Lourenço Marques, Manua ouviu falar mal dele. Ele tornou-se um alcoólatra e viciado em Cannabis que morreu e a sua roupa comida por ratos.

O último discurso de Ngungunhane
Antes da sua partida Ngungunhane de o seu discurso e disse ao seu povo que os homens de cabrito aplaudiam um dia mostraria o seu lado negativo, corromperia todos o seu, registariam pessoa por pessoa registariam em papeis que enlouqueceram Manua, dariam nomes que bem lhes aprouver, esquecerão os nomes dos teus antepassados e o papel rabiscado norteará a vossa vida e a vossa morte. Depois disso Ngungunhane virou-se entrou no navio que levou um tempo para arrancar e desapareceu.

Importância da obra
O livro Ualalapi, que visa questionar o passado e consequentemente o presente e o futuro de Moçambique, inscreveu-se indelevelmente na consciência dos leitores. Uns elogiam, outros dizem que não é um livro perfeito, mas o facto é que em 1990 recebeu Grande Prémio da Ficção Narrativa em Moçambique, em 1994 o Prémio Nacional de Ficção e, em 2002, foi considerado como um dos melhores livros africanos do século XX. Opiniões sobre o género literário deste livro variam com cada crítico. Mas, ao simplificar, podíamos dizer que se trata do livro enraizado no romance histórico (os nomes das personagem e os acontecimentos históricos convidam à leitura à base dum certo conhecimento histórico) com os traços etnográficos, da oralidade africana e do realismo mágico sul-americano.


Bibliografia

  • CHABAL, Patrick. ThePost-ColonialLiteratureofLusophone Africa. London: Hurst&Company, 1996. Print.
  • Chabal, Patrick. Vozes Moçambicanas literatura e nacionalidade. Lisboa: Vega, 1994. Print.
  • KHOSA, UngulaniBaKa. Ualalapi. 2nd ed. Lisboa: Editoral Caminho, 1990. Print.
  • LARANJEIRA, Pires. Literaturas africanas de expressao portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, 1995. Print.
  • LEITE, Ana Mafalda. Oralidades e Escritas nas Literaturas Africanas. Lisboa: Colibri, 1998. Print.