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Introdução O presente tópico aborda um tema bastante importante, tema este que diz respeito a sociedade anónima, onde veremos que uma Socied...

Resistências no Centro de Moçambique

Introdução
Apôs a Conferencia de Berlim, Portugal lançou-se no processo de destruição das unidades políticas moçambicanas, destacando-se dois momentos principais: a ocupação militar e a instalação dos aparelhos do Estado colonial. Porém, a grande fragmentação política da região e o elevado grau de militarização das formações políticas da região, herdado do período da captura e do tráfico de escravos, exigiram a Portugal uma grande mobilização de recursos e apoio externo. Mais adiante, iremos falar de como foi a resistência no centro de Moçambique.

Resistências no Centro de Moçambique 
No Centro de Moçambique, depois de uma longa e dura resistência dos chefes locais, as forcas militares portuguesas puderam finalmente dominar os senhores dos Prazos.
A ocupação militar (as campanhas de pacificação)
Segundo Botelho, citado por Souto (1996:249), o período da ocupação portuguesa pode dividir-se em três partes:
As campanhas ocorridas entre o território de Lourenço Marques até ao rio Pungué, realizadas nos sertões de Lourenço Marques, Inhambane e Sofala;
As campanhas no território do vale do Zambeze e zonas limítrofes;

As campanhas ocorridas entre o vale do Zambeze e o rio Rovuma.
Cronologia das principais campanhas realizadas pelos Portugueses contra os povos moçambicanos nos finais do século XIX.

Principais Campanhas

1858

Campanha contra Massingir.

1867-1869

Campanha contra Massangano.

1887

Conquista de Massangano.

1887-1888

Campanha contra os Namarrais.

1895

Campanha contra Gaza.

1896-1898

Campanha contra os Namarrais.

1902

Campanha de Barué.

1908-1912

Campanha contra os Estados Mataca.

1913

Campanha contra os Macondes.

1917

Campanha contra o Barué.

1920

Campanha contra os Macondes.


A instalação dos aparelhos do Estado colonial
Capitanias-mor/Comandos militares — Nas áreas de resistência mais prolongada ou de difícil acesso. A primeira etapa efectivou-se pela ocupação militar quase permanente (capitanias-mor na província de Nampula e partes da Zambézia, comando militar em Gaza — em algumas regiões de Nampula também existiram comandos militares). 

  • Concelhos divididos em freguesias, em áreas destinadas para os Europeus.
  • Circunscrições e Regedorias, em áreas destinadas para os indígenas. 
Em lugares como, por exemplo, a província de Maputo, em 1896, o governo colonial passou directamente ä divisão do território em circunscrições civis, que, de modo geral, deram origem aos actuais distritos. Nestas divisões foram instalados os administradores e chefes de posto portugueses, bem como régulos africanos, escolhidos pelo regime colonial, em substituição dos antigos chefes. A partir de 1907, este sistema substitui gradualmente a administração militar em Gaza, Zambézia e Nampula.
Perante a ocupação do seu território, num processo que durou mais de duas décadas (1886-1920), os Moçambicanos resistiram para defender a sua soberania, independência e valores culturais. Utilizaram como forma de luta: o confronto directo, a aliança ou a diplomacia.
Depois de ter sido preso, Ngungunhane é deportado para Portugal, juntamente com o seu filho Godide e seu tio Nuamantibjana, sendo as suas mulheres deportadas para Suo Tomé e Príncipe. Morreu exilado em Angra do Heroismo, nos Acores, em 1906. 
Apesar do desaparecimento de Ngungunhane, a resistência continuou, sendo agora dirigida por Maguiguane. Este mobiliza as populações no sentido de não pagarem mais impostos aos Portugueses e, sobretudo, de resistirem a esta penetração. Derrotado em Macontente, retira-se em direcção ao Transvaal. Maguiguane acabou por ser surpreendido por uma coluna portuguesa e procurou defender-se até ao último momento, tendo morrido a 21 de Julho de 1897. 
Outra figura importante na região foi o rei Nguanaze, de Maputo, que fugiu aos Portugueses e se refugiou a sul da Ponta de Ouro, ai estabelecendo o seu reino.

Acção de Barué no Centro
Barué surgiu como um Estado fortificado na sequência da desagregação do Estado dos Mwenemutapas, tornando-se um Estado poderoso e fortemente armado. Resistiu às invasões Nguni e, ganhou várias vezes as disputas com os estados militares vizinhos.
Notabilizou-se na actividade de resistência anticolonial. Porém, os seus pontos fracos eram as constantes e sucessivas crises de sucessão. Entre 1870 e 1892, Barué esteve sob o controlo de Gouveia, chefe do Estado de Gorongosa. 
A razão que ditou o fim da independência do Estado de Barué em 1902 foi o ataque perpetrado pelos portugueses com vista å eliminação da mesma. O Barué representava uma séria ameaça aos interesses portugueses na região, dado o apoio e o incitamento das formações sociais vizinhas na luta contra o avanço das forças coloniais. Tais estados eram o Torwa, o Sena, o Gorongosa e o Mburumatsenga. 
No Centro de Moçambique, destacaram-se ainda vários líderes na resistência à ocupação colonial, nomeadamente: Macombe, Hanga, Macossa, Mbuya, Nongue-Nongue, Cadendere, Mataca.

O exemplo da rebelião dos Barué constitui uma perigosa ameaça, dado que as vastas populações que residiam no território da companhia de Moçambique mal respeitavam o prestígio do Governo português e não têm receio do seu fraco exército. Dia a dia, a população indígena torna-se mais renitente no pagamento dos impostos e no fornecimento do trabalho forçado, considerando a situação dos Barué muito mais indesejável.
Extracto da Acta da Sessão do Com. Adm. de 17-09-1901, A.H.M., in História de Moçambique


Conclusão

No final deste trabalho, concluímos que os destaques importantes quando se fala da Resistência no Centro de Moçambique são Barué e Maganja da Costa. Onde no caso de Barué, podemos constatar que o factor ideológico desempenhou um papel importante na defesa de Barué. Os Baruistas acreditavam que o espírito mediúnico de Kabudu Kagoro transformava as balas do invasor em égua.

E quanto a resistência na Maganja da Costa, Bonifácio «M'passo» também resistiu, sem sucesso, à invasão portuguesa. Em 1898, os Portugueses ocupam militarmente a Maganja da Costa. 

Bibliografia
  • NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013 
  • BICÁ, Firoza, MAHILENE, Ilídio, Saber História 10, 1ª edição, Longman Moçambique, Lda., Maputo, 2010

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