PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Objectivos Específicos:
- Definir os conceitos de periodização e cronologia;
- Identificar os períodos da História de Moçambique;
- Caracterizar os períodos da História de Moçambique;
- Elaborar gráficos de tempo sobre a periodização da História de Moçambique;
- Identificar a cronologia da História de Moçambique;
- Mencionar as fontes da História de Moçambique;
- Explicar as limitações das fontes da História de Moçambique;
- Explicar a importância da tradição oral na reconstrução da História.
1.1. Periodização da História de Moçambique
1.1.1. Conceitos de Periodização e Cronologia
“Cronologia é uma ciência que tem por objectivo o estudo do tempo decorrido desde um determinado facto ocorrido na História do mundo, tomando como referencia qualquer outro acontecimento, de forma a fixar as datas dos diferentes eventos e respectivos intervalos” – Enciclopédia Luso-brasileira da cultura numero 6, Lisboa, 1967.
Cronologia (do grego chronos, que significa tempo + logos, que significa estudo) é a ciência cuja finalidade é a de determinar as datas e a ordem dos acontecimentos históricos, principalmente, descrevendo-os e agrupando-os numa sequência lógica. Esta disciplina insere-se numa ciência maior, que é História.
Cronologia é a listagem dos acontecimentos por datas, começando pelo mais antigo até ao mais recente. Veja o exemplo que segue de uma Cronologia da história recente de Moçambique. Para a Cronologia de Moçambique, verifica-se que antes da chegada dos árabes à costa moçambicana, as datas são raras e mesmo as existentes do período após a chegada dos árabes não revelam a evolução histórica de todo o país, apenas dizem respeito à zona Norte do país até a região de Sofala.
Cronologia Sobre a História de Moçambique I
• 1505: Portugueses fundam feitoria – Fortaleza de Sofala;
• 1507: Portugueses fundam feitoria – Fortaleza na Ilha de Moçambique;
• 1511:Portugueses atacam Angoxe, onde os Árabes-Swahili tinham formado um núcleo de resistência e usavam o Zambeze como via de penetração no interior;
• 1522: Portugueses conquistam ilha de Cabo Delgado ou Quirimbas;
• 1530: Portugueses penetram no Cuamba (nome primitivo de Zambeze). Fundação da Feitoria de Sena e Tete;
• 1544:Fundação da Feitoria ou Fortaleza de Quelimane. Os portugueses chegam a Loureço Marques.
• 1561: Padre Gonçalo da Silveira ao Zimbabwe do Mwenemutapa. O Mwenemutapa reinante
é baptizado com o nome de Sebastião;
• 1571: Expedição militar de Francisco Barreto no Zambeze e chega no Sena;
• 1572: Expedição militar de Fernando Homem. Invasão de Quiteve e de Manica.
• 1607: Gatsi Lucere, Mwenemutapa reinante, cede as minas do seu Estado aos Portugueses;
• 1629: Mavura é baptizado e cognominado D. Filipe II, faz amplas concessões militares, políticas e comerciais aos Portugueses;
• 1686: Chegam os primeiros sete mercadores indianos à Ilha de Moçambique;
• 1693: O primeiro levante armado sistemático contra a penetração portuguesa, encabeçado pelos Changamiras do Estado Butua;
• 1720: Portugueses fundam a Feitoria de Zumbo;
• 1721-30: Feitoria Holandesa da Baía de Maputo;
• 1752: As feitorias e entrepostos comerciais portugueses em Moçambique passam para a dependência administrativa directa de Portugal, separando-se assim das possessões coloniais portuguesas na Índia e do seu Vice-Rei.
• 1762: Um documento escrito refere à saída neste ano de 1100 escravos de Moçambique.
• 1765: Um documento refere a existência de 100 “Prazos” em Moçambique.
• 1799: Documento refere a saída anual de quatro a cinco mil escravos do nosso país.
• 1815/1820: Saem de Moçambique, anualmente, 15 a 20 mil escravos.
• 1821: Shochangana é o primeiro rei do Estado de Gaza.
• 1836: Primeira abolição do tráfico de escravos em Moçambique.
• 1840: Há agora só 46 “Prazos” em Moçambique.
• 1842: Nova abolição do tráfico de escravos; governador colonial José Marinho abandona Moçambique sobre pressão dos negreiros estacionados em Moçambique.
• 1868: Surge o “O Progresso”, primeiro jornal não oficial.
• 1869: Abolida a escravatura nas colónias portuguesas.
• 1875: Primeiro Código de Trabalho; No Sul, Moçambicanos emigram para Natal.
• 1877:Oficializada a emigração para Natal e Cabo.
• 1878: Revoltas camponesas no distrito de Quelimane, após tentativas de cobrança de impostos pelos portugueses.
• 1879: Novas revoltas em Quelimane; Chega a Moçambique o angolano Alfredo de Aguiar.
• 1884: Levante do Massingire; Ngungunhane ascende ao poder no Estado de Gaza.
• 1885: Alfredo de Aguiar funda “O Imparcial”.
• 1886: Portugueses atacam o Estado Militar de Massangano; é o início das campanhas militares de ocupação sistemática no nosso país.
II
• 1886/94: Alfredo de Aguiar funda três periódicos em Quelimane, nos quais ataca a exploração colonial.
• 1887: Início da construção da linha férrea Lourenço Marques-Transvaal.
• 1888: Funda-se a Companhia de Moçambique; Queda do Estado Militar de Massangano; Estabelece-se as fronteiras entre Moçambique e Suazilândia.
• 1890: Decreto de António Enes sobre os Prazos (os Africanos têm o dever moral de trabalharem).
• 1891: Levantes camponeses em Quelimane, Sena, Tete, etc.; funda-se a Companhia de Niassa; Campanha militar contra Macanga.
• 1892: Fundação da Companhia de Zambézia.
• 1894: A prisão é substituída pelo trabalho correccional no tocante aos “indígenas”; principia a utilização da linha férrea Lourenço Marques-Transvaal.
• 1895: António Enes cria as “circunscrições indígenas”; Companha armada portuguesa contra o Estado de Gaza; Batalha de Marracuene (2 de Fevereiro), Batalha de Magul (08 de Setembro de 1895), Batalha de Coolela (07 de Novembro de 1895), Prisão de Gungunhane (28 de Dezembro de 1895).
• 1897: Revolta de Cambuemba; Acordo de fornecimento pelos portugueses de mão-de-obra de Moçambique à África do Sul; Portugal ocupa a costa norte de Quelimane; Morte de Maguiguane em combate (21 de Julho de 1897); Linha férrea entre Beira e Untáli entra em funcionamento (via reduzida).
• 1898: Os Portugueses ocupam militarmente a Maganja da Costa.
• 1899: Regulamento do Trabalho dos Indígenas.
• 1902/4: Companhia da Zambézia ocupa militarmente uma área que se estende de Tete ao Nyassalândia.
• 1906:Portugueses ocupam “hinterland” da Ilha de Moçambique; Morte de Gungunhane (23 de Dezembro de 1906).
• 1908: Nasce o Grémio Africano de Lourenço Marques.
• 1908/12: Ataque português (com a participação de sipaios das companhias) e destruição dos Estados Ajaua junto do lago Niassa.
• 1909: João Albasini funda “ O Africano”; Primeira utilização do porto de Lourenço Marques. Angoxe e Ligonha são militarmente ocupadas.
• 1910: Criada a Intendência dos Negócios Indígenas e Emigração em Lourenço Marques; Angoxe e Ligonha são militarmente ocupadas.
• 1911: Novo Código do Trabalho; Tentativa de circulação da União Africana dos Trabalhadores (UAT) em Lourenço Marques. Criado em Lisboa o Ministério das Colónias.
• 1913: Interdito à WENENA o recrutamento de trabalhadores a Norte de Paralelo 22°, sobre pretexto de serem mais “atreitos” à tuberculose e pneumonia; Acordo entre Portugal e British South Africa Company pelo qual se cria uma “Curadoria de Indígenas Portugueses”.
• 1914: Regulamento Geral do Trabalho dos Indígenas das Colónias Portuguesas.
• 1914/18: Primeira Guerra Mundial; Em Moçambique, de 1915 a 1918, foram mobilizados mais de 12 mil soldados africanos e 9 mil trabalhadores.
• 1917: Revolta Báruè; portaria diferencia os “indígenas” dos “não indígenas”; Greve dos trabalhadores ferroviários de Lourenço Marques.
• 1919: Greve dos estivadores de Lourenço Marques (Maio).
• 1920: Companhia de Niassa lança uma campanha militar contra os Macondes (foi a última operação militar colonial da “ocupação efectiva”); a 20 de Junho nasce Eduardo Chivambo Mondlane, em Manjacaze, Gaza; Greve do pessoal dos carros eléctricos de Lourenço Marques; Nova greve dos trabalhadores ferroviários de Lourenço Marques; Greve do pessoal da “Imprensa Africana” (Tipografia de “ O Brado Africano”); Criação da Liga Africana.
• 1922: Morre João Albasini.
• 1923: Início da extracção de carvão nas minas de Moatize pela Sociétè Minière Géologique du Zambeze (capital maioritariamente belga).
• 1924: Greve do pessoal da Companhia de Niassa (começou em Dezembro de 1923); Começa a laborar uma fábrica de cimento em Lourenço Marques com capacidade de laboração anual de 35 mil toneladas. • 1925: Fundação do Grémio Africano de Quelimane; Greve geral na Beira (território da Companhia de Moçambique); Greve dos estivadores assalariados de Lourenço Marques; Greve do pessoal da companhia de Moçambique; Greve dos ferroviários e portuários de Lourenço Marques (dura até Março de 1926).
• 1926: Decreto do cultivo obrigatório de algodão; Início da reorganização do porto e dos caminhos-de-ferro de Lourenço Marques; Greve dos trabalhadores do porto da Beira.
• 1928: Nova convenção entre Portugal e a África do Sul; Novo Código de Trabalho dos Indígenas das Colónias Portuguesas de África.
• 1929/30: No orçamento de Moçambique, atribuídos sete mil contos às Missões Católicas.
III
• 1930: Publicação do Acto Colonial; cessam os privilégios das soberanias das Companhias; Regulamento do Trabalho dos Indígenas na Colónia de Moçambique; Criação da primeira escola de formação de professores primários “indígenas” na Manhiça, com uma frequência de 73 alunos; Estado colonial enceta a ocupação e a centralização administrativa da colónia e monopoliza a cobrança de impostos.
• 1931: O “mussoco” e o imposto de palhota representam entre ¼ e 1/5 dos rendimentos fiscais de Moçambique.
• 1933: Fundação do Instituto Negrófilo de Moçambique, resultante de uma cisão no Grémio Africano de Lourenço Marques; Greve dos estivadores do porto de Lourenço Marques, que ficou conhecida como a “greve da quinheta”.
• 1933: Nasce, a 29 de Setembro, Samora Moisés Machel.
• 1938: Criada a Junta de Exploração do Algodão Colonial; DETA inicia a exploração de carreiras regulares.
• 1940: Assinatura do Acordo Missionário ou a Concordata entre Portugal e a Santa Sé.
• 1941: Decreto sobre o cultivo forçado do arroz; A publicação do Estatuto Missionário;
• 1942: Introdução de novos impostos: o “imposto reduzido”, a “contribuição braçal”, etc;
• 1945: Aumento dos salários agrícolas e industriais; sob pressão internacional, Portugal introduz algumas melhorias na assistência social aos trabalhadores.
• 1947: Greve do cais de Lourenço Marques e nas plantações de Gaza (há 49 mortos); os régulos com mais de 500 contribuintes passam a receber ordenado mensal de 300$00 e casa de alvenaria.
• 1948: Greve no porto de Lourenço Marques (presos 200 grevistas, a maioria deportada para São Tomé).
• 1949: Fundação do NESAM; Portugal filia-se a NATO.
• 1950: Há 4349 “assimilados”; novo aumento dos salários agrícolas e industriais; Há 49 mil colonos.
• 1951: Por uma emenda constitucional, Portugal transforma colónias em “Províncias Ultramarinas”.
• 1952: Início dos Planos de Fomento.
• 1954: Novo aumento dos salários agrícolas e industriais (enquanto sobem os impostos, o que sucedia sempre que eram aumentados os salários aos trabalhadores).
• 1955: Há 2041 escolas rudimentares (sendo 2000 dirigidas pelas missões), com 242 412 alunos; Portugal filia-se na ONU.
• 1956: Greve no cais de Lourenço Marques.
• 1957: Instalação da PIDE.
• 1959: 392 796 crianças frequentam o “ensino de adaptação” (designação que substituiu a de “ensino rudimentar”), mas só 6 982 entraram no ensino primário.
• 1960: 17 países africanos ascendem à independência; funda-se a UDENAMO; Há 90 mil colonos em Moçambique; Novo aumento dos salários agrícolas e industriais; Massacre de Mueda (16 de Junho).
• 1961: Fundação da MANU e da UNAMI; Portugal monta o Serviço de Acção Psicológica, ramo da PIDE; Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas; Novo aumento de salários agrícolas e industriais; Mondlane visita Moçambique; Aumenta a penetração de capitais não portugueses em Moçambique.
IV
• 1962: Massacre dos trabalhadores de cana-de-açúcar de Xinavane; Fundação da Frente de Libertação de Moçambique (25 de Junho); Primeiro Congresso da FRELIMO; Eduardo Mondlane é eleito presidente; Portugal publica o Código do Trabalho Rural.
• 1963: Greves em Lourenço Marques, Nacala e Beira; Prisão de estivadores; Morre na prisão o estivador Paulo Balói, um dos dirigentes grevistas de Lourenço Marques; Criação do Instituto Moçambicano em Dar-Es-Salam; Criação do campo de treino político-militar de Bagamoyo; FRELIMO implanta-se no interior de Moçambique; Primeiros contingentes da Frente treinam-se na Argélia (entre os primeiros a partir conta-se Samora Machel).
• 1964: Inicia a Luta Armada de Libertação Nacional (25 de Setembro); PIDE encera NESAM; Fundado o campo de treino político-militar de Kongwa; Presos vários estudantes que procuraram lutar na FRELIMO; Há 35 mil soldados portugueses em Moçambique. • 1965: Julgamento, entre outros, de José Craverinha, Rui Nogar, Abner Sansão Muthemba, Malangatana Valente Nguenha, etc.; Surgem as áreas libertadas da FRELIMO no norte. • 1966: 100 Escolas Primárias da FRELIMO em Cabo Delgado, com 10 mil crianças. • 1967: Criação do Destacamento Feminino; há de 65 a 70 mil soldados portugueses em Moçambique; Escolas da FRELIMO contraídas no Niassa com dez professores e duas mil crianças.
• 1968: Segundo Congresso da FRELIMO e aprovação das teses da Revolução Democrática Nacional; Mateus Sansão Muthemba e Paulo Khankomba são assassinados pelos “reaccionários”; Reabertura da Frente de Tete.
• 1969: Eduardo Mondlane é assassinado a 3 de Fevereiro; Lázaro Khavandame é expulso da FRELIMO; Inicia a construção da Barragem de Cahora-Bassa; 3ͣ Sessão do Comité Central da FRELIMO; Vários elementos são expulsos da Frente e outros do Comité Central; Formação de uma direcção com Samora Machel, Marcelino dos Santos e Uria Simango; Suspensão de Uria Simango.
• 1970: Simango é expulso da FRELIMO; Samora Machel é eleito presidente da FRELIMO e Marcelino dos Santos Vice-Presidente; Portugueses montam a sua maior operação militar de sempre, a “Nó Górdio”, mas a FRELIMO vence militarmente os Portugueses; Cessam os grandes investimentos imperialistas, inicia-se a sabotagem económica, fogem os colonos, etc.
• 1971: Massacre de Mucumbura; Morte de Josina Machel a 7 de Abril, devido a doença contraída na luta armada.
• 1972: Aberta a Frente de Manica e Sofala: Massacre de Wiriamu.
• 1973: Criação da OMM; Massacre de Chawola.
• 1974: FRELIMO avança no eixo Inhaminga-Beira e Vila Pery-Beira; Massacre de Inhaminga; Golpe de Estado em Portugal e cai o fascismo; Acordo em Lusaka sobre o cessar-fogo e a independência nacional (7 de Setembro): Nova vitória da FRELIMO; Surto grevista assola a actividade produtiva no País, particularmente nos sectores ferro-portuário, etc.; Os camponeses reclamam as terras expropriadas por companhias e coloniais e por colonos e fantoches nacionais; formação de grupos fantoches; Formação do Governo de Transição; Criação dos Grupos Dinamizadores ao nível dos locais de trabalho. • 1975: Viagem triunfal de Samora Machel de Norte a Sul do País; Proclamação da Independência Nacional a 25 de Junho.
• 1976: Início da Guerra Civil entre o Governo da Frelimo e a Renamo;
• 16 de Março de 1984: Assinatura do Acordo de Nkomati entre o Governo moçambicano (liderado por presidente Samora Machel) e o regime sul africano (do Apartheid), sob a liderança do presidente Pieter Willem Botha;
• 19 de Outubro de 1986: Morte do primeiro presidente da Moçambique independente;
• 3 de Novembro de 1986: Joquim Chissano é nomeado novo presidente da Frelimo e da República de Moçambique;
• 18 de Julho de 1987: Massacre de Homoine;
V
• 1990 – O governo aprova uma nova cosntituição que introduz o multipartidarismo, em Moçambique. • 1992 - O presidente Joaquim Chissano e o líder da Renamo Afonso Dhaklama assinam o Acordo Geral de Paz em Roma.
• 1994 – Realização das primeiras eleições gerais, no país. Chissano é eleito presidente da República. • 1995 - Moçambique torna-se membro da Commonwealth.
• 1999 - Dezembro - Realização das Segundas eleições gerais, no país. Joaquim Chissano derrota Afonso Dhaklama da Renamo. 2000 - Fevereiro - Cheias devastadoras inundam o sul do país. 2001 - Março - Inundações no Vale do Zambeze desalojam 70 mil pessoas.
• 2002 - Junho - Armando Guebuza, o veterano da luta pela independência de Moçambique, é apontado como candidato da Frelimo às presidenciais de 2004 - sucedendo, assim, a J. Chissano;
• 2003 - Novembro - Brasil promete constuir uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais em Moçambique.
• 2004 - Dezembro – Realização das terceiras eleições gerais e Multipartidárias no país: Armando Guebuza da Frelimo derrota o seu principal rival, Afonso Dhaklama da Renamo.
• 2009: Armando Guebuza foi reileito Presidente de Moçambique;
• 13 de Abril de 2013: Início dos confrontos militares entre as forças governamentais e os homens armados da Renamo, na província de Sofala; • 5 de Setembro de 2014: O presidente da República Armando Guebuza e o líder da Renamo, ratificaram um Acordo de Paz que pôs fim a mais de um ano e meio de confrontos;
Periodização da História de Moçambique Periodização é a divisão dos acontecimentos históricos em grandes épocas, destacando as características principais que distinguem um período do outro. Periodização da História é a divisão, para fins didácticos, da História em épocas, períodos ou idades. Por período histórico entende-se um certo momento, mais ou menos longo, durante o qual uma série de acontecimentos, mais ou menos homogéneos, podem permanecer inalteráveis. Quando se diz período da Luta armada de libertação nacional em Moçambique, refere-se a um determinado momento da história de Moçambique durante o qual o acontecimento mais marcante foi o desencadeamento da luta armada de libertação nacional, mas também ocorreram vários outros acontecimentos relacionados com esta.
Exemplos:
• Antiguidade: do 4º milénio a. C. ao séc. V;
• Idade Média: do séc. V a meados do séc. XV;
• Idade Moderna: de meados do séc. XV ao fim do séc. XVIII;
• Idade Contemporânea: dos finais do séc. XVIII aos nossos dias.
Periodizar é encontrar o que fundamentalmente distingue, num processo histórico dado, as diferentes épocas históricas. Há que salientar que os marcos cronológicos que são seleccionados não são absolutos; tem como objectivo principal disciplinar o ensino e o estudo da história, isto é, a data que é escolhida para separar as épocas históricas, não constitui uma barreira intransponível entre épocas. Embora qualquer articulação no processo histórico seja artificial e passível de críticas, essa prática torna-se indispensável para que o conhecimento histórico se torne inteligível. Desse modo, pode haver tantas divisões, quantos pontos de vista culturais, etnográficos e ideológicos. Não há como definir um padrão único ou consensual.
A periodização em História baseia-se em factos históricos, os quais, considerados mais importantes, aqueles que pela sua dimensão provocaram grandes impactos nas sociedades ao ponto de a partir dos mesmos se poder encontrar dois momentos diferentes. A importância que cada facto tem varia de historiador para historiador, sendo os de natureza politica, económica, social ou cultural, e destes, em muitos manuais escolares são marcos divisórios de um período para o outro, factos de carácter político. NB: A periodização tem um carácter relativo e subjectivo pois depende do historiador, das fontes utilizadas e dos critérios de periodização.
1.1.3. Proposta da Periodização da História de Moçambique
1.1.4. Características Gerais dos Períodos da História de Moçambique:
1° Período: Dos primeiros Homens em Moçambique até sécs. III ou IV (anos 200 ou 300): Comunidades de Caçadores e Recolectores/Comunidade Primitiva Características:
• Predomínio da economia recolectora (recolecção e caça);
• Predomínio da técnica lítica;
• Viviam nas cavernas e grutas;
• Nomadismo;
• Divisão natural de trabalho (sexo e idade);
• Uso de instrumentos rudimentares (pedra, ossos, paus, fibra, marfim, etc,); • Imediatismo na produção e no consumo;
• A prática de pinturas de arte rupestre;
• Não tinham classes sociais;
• Fraca relação de parentesco;
• Principal instrumento era a pedra.
2° Período: Desde séc. III ou IV (anos 200 ou 300) até séc. IX (800):
Expansão e Fixação Bantu Comunidade dos Agricultores e Pastores. Características:
• Introdução e desenvolvimento das actividades agrícolas, pecuária, metalurgia, artesanato e pesca;
• Desenvolvimento das comunidades sedentárias semi-permanentes;
• Organização das comunidades em linhagens onde o poder dos chefes era de ordem moral e não político;
• Surgimento das primeiras comunidades sedentárias;
• Aparecimento do excedente de produção;
• Assiste-se uma transição da economia recolectora para uma economia produtiva o que permitiu o crescimento da população;
• Estes homens viviam em aldeias perto dos cursos das águas.
3° Período: Desde o séc. IX (800) até séc. XIX (1886/1890):
Penetração Mercantil Árabe Persa e Europeia O período Mercantil subdivide se em duas fase:
1ª Fase: De séc. IX (800) até séc. XVI (1505):
Fase de Penetração Mercantil Árabe Persa – Relacionamento Comercial de Moçambique com os Árabes Persas. Características:
• Fixação Árabe Persa na região Austral (costa oriental Moçambicana);
• Intercâmbio comercial entre mercadores Asiáticos e comunidades Moçambicanas;
• Edificação das primeiras sociedades de classes e dos primeiros estados (ex: o Estado de Manyikeni, Muenemutapa e Marave);
• Surgimento dos reinos afro-islámicos da costa: Sultanatos e Xeicados.
• O produto mais comercializado nesta fase era o ouro;
• Surgimento de núcleos linguísticos na costa norte de Moçambique;
• Estabelecimento dos primeiros núcleos islamizados na costa nortenha de Moçambique;
• Predomínio da cultura swahili no norte de Moçambique.
2ª Fase: De séc. XVI (1505) até séc. XIX (1886/1890):
Fase de Penetração Mercantil Europeia / Portuguesa Características:
• A chegada e a penetração mercantil europeia – portuguesa;
• Desenvolvimento do comércio de ouro, marfim e escravo;
• A fixação portuguesa e a fundação da feitoria de Sofala em 1505;
• Conflitos entre Árabes e Portugueses;
• Em 1507 os Portugueses fundam a feitoria na Ilha de Moçambique;
• Em 1522 os Portugueses fundam a feitoria na Ilha da Quirrímbas (Cabo Delgado);
• Em 1530 os Portugueses fundam a feitoria de Sena;
• Em 1544 os Portugueses fundam a feitoria em Quelimane e descobrem a baia de Lagoa (Maputo);
• Fase do ciclo de ouro (séc. XIV-XVII); • Fase do ciclo do marfim (XVII-XIX);
• Fase do ciclo dos escravos (metade do séc. XVIII até a primeira metade do séc. XIX);
• Emergência dos Estados Militares do vale de Zambeze Prazos da Coroa, Ajaua e Afro Islâmicos da Costa e Estado de Gaza; • Desagregação de vários Estados moçambicanos.
4° Período: Desde séc. XIX (1886/90) até séc. XX (1974/5):
Período Colonial – Moçambique e a Direcção Imperialista Contem três (3) fases:
1ª Fase: De 1886 até 1926/30: Domínio de Capital Estrangeiro não Português. Características:
• Montagem de companhias Majestáticas e Arrendatárias: Companhia de Moçambique (Manica e Sofala), Companhia de Zambézia (Tete e Zambézia),Companhia de Niassa (Cabo Delgado e Niassa);
• Ocupação efectiva e a montagem do Aparelho Administrativo Político Colonial;
• Este período representa o Mfecane e o estado de Gaza;
• O sul de Moçambique e o trabalho migratório;
• A província de Nampula estava na dualidade de poderes.
2ª Fase: De 1926/30 até 1962/64:
Nacionalismo Económico de Salazar – o Colonialismo Fascista Características:
• Implantação do Nacionalismo Económico de Salazar.
• Extinção ou eliminação das companhias Majestáticas e Arrendatárias.
• Unificação da Administração de Moçambique.
• Introdução de culturas obrigatórias (algodão, sisal, arroz, etc.)
• Intensificação da exploração colonial.
• Aprovação do acto colonial de 1930.
• Introdução da caderneta de Indígena.
• Introdução do Sistema de educação separado (para brancos, /assimilados e para indígenas);
• Introdução de Planos de Fomento e Sistemas de Colonatos;
• Surgimento de Movimentos de protesto contra a presença colonial em Moçambique;
• A fuga de Moçambicanos para colónias Inglesas vizinha;
• A formação de Movimentos Nacionalistas;
• Desenvolvimento do Pró-Nacionalismo;
• Transformação de colónias em províncias ultramarinas;
• Colonatos e introdução dos planos de fomento.
3ª Fase. De 1962/64 até 1974/75:
Crise e Reestruturação do Colonialismo português/Luta de Libertação Nacional. Características:
• Abolição do estatuto de indiginato e das culturas obrigatórias;
• Introdução das propriedades dos colonos;
• Fundação da Frelimo;
• Desencadeamento da luta armada e emergência de zonas verdes;
• Institui-se nesta altura a Política de Portas Abertas e a Construção de Cahora-Bassa com o objectivo de internacionalizar a guerra em Moçambique e impedir o avanço da luta armada de libertação nacional;
• A emergência das zonas libertadas;
• Crise do Nacionalismo Português, com o golpe de Estado em Portugal em 25 de Abril de 1974;
• Acordos de Lusaka em 7 de Setembro de 1974 (entrega da soberania aos Moçambicanos, reconhecimento da Frelimo como representante do povo Moçambicano); • Governo de Transição de 1974 até 1975;
• Independência de Moçambique em 25 de Junho de 1975.
5º Período: Desde 1974/5 até aos nossos dias:
Moçambique Pós – Independência. E compreende duas fases: 1ª Fase: De 1974 / 75 até 1990/94: Monopatidária. Características:
• Proclamação da República Popular de Moçambique;
• Institucionalização de um Estado de origem Socialista;
• Planos económicos de Desenvolvimento;
• Centralização da Economia com sistemas de cooperativas e lojas do povo;
• Plano Estatal Central e Plano Prospectivo Económico;
• Inicio da guerra civil em 1976 (Frelimo e Renamo);
• Acordo de Nkomati a 16 de Março de 1984;
• Morte de Samora Moisés Machel em 19 de Outubro de 1986;
• Introdução do Plano de Reabilitação Económica em 1987;
• Constituição de 1990;
• Assinatura dos Acordos de Paz de Roma a 4 de Outubro de 1992;
• Cessar-fogo em Moçambique a 15 de Outubro de 1992.
2ª Fase: De 1990/94 até aos nossos dias:
Fase Multipartidária: Características:
• 1990 -É aprovada e posta a constituição Multipartidária em Moçambique;
• 4 De Outubro de 1992 assinado o Acordo de Paz em Roma para Moçambique - era o fim da Guerra Civil iniciada em 1976;
• Chegada da ONUMOZ (capacetes azuis) para manutenção da paz;
• Economia de Mercado;
• 1994 - Primeiras eleições gerais de Moçambique;
• Reconstrução Económica, Social e Política de Moçambique;
• 1999 - Segundas eleições gerais multipartidárias;
• 2003 - Realização da Cimeira da União Africana em Maputo;
• 2003 - Introdução da reforma do sector público em Moçambique;
• 2004 - Terceiras eleições gerais multipartidárias;
• 2009 - Quartas eleições gerais multipartidárias;
• 2015 - Quintas eleições gerais multipartidárias;
1. Fontes: SERRA, Carlos (ed), Historia de Moçambique – Parte I – Primeiras sociedades sedentárias e impacto dos mercadores, 200/300 – 1885, Vol 1, Maputo, Universidade Eduardo Mondlane, 2000. 2. PEREIRA, J. L. Barbosa, História 12 – Pré-Universitário, Longman Moçambique, 2010. As Fontes da História de Moçambique • Os Tipos de Fontes
• As suas Limitações; • A Importância da Tradição Oral
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