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Introdução O presente tópico aborda um tema bastante importante, tema este que diz respeito a sociedade anónima, onde veremos que uma Socied...

NEGRITUDE

Introdução
O presente trabalho situa-se na intersecção de dois importantes campos do conhecimento, a saber, a negritude e o pan-africanismo. Falar da negritude é falar de um movimento de origem francófono que foi lançado nos anos 1931-1935 por um grupo de estudantes composto por Aimé Césaire, Leopord Senghor e Léon Damas. Definiram a negritude como sendo um movimento de exaltação dos valores culturais dos povos negros. É através desta base ideológica que se vai impulsionar o movimento independentista na África. Este movimento transmitirá uma visão um tanto idílica e uma versão glorificada dos valores africanos.
Na segunda parte desta abordagem falaremos sobre o pan-africanismo que é considerado como o único meio de transmitir os idealismos africanos. Seu grande mérito foi ter proporcionado aos africanos a oportunidade de tomar uma iniciativa na busca de soluções para seus problemas. E esse movimento tinha como propósito constituir os “Estados Unidos da África”, unindo todo o continente em um só país, o que não chegou de acontecer.


NEGRITUDE
Conceito
Negritude (Négritude em francês) foi o nome dado a uma corrente literária que agregou escritores negros francófonos e também uma ideologia de valorização da cultura negra em países africanos ou com populações afro-descendentes expressivas que foram vítimas da opressão colonialista.
Para Aurélio Negritude é uma ideologia característica da fase de consciencialização, pelos povos negros africanos, da opressão colonialista, a qual busca reencontrar a subjectividade negra na fase pré-colonial e perdida pela dominação da cultura branca ocidental.
Conforme Lopes (2004:472) citado por Laranjeira, o termo Negritude é um "(...) neologismo surgido na língua francesa na década de 1930, para significar a circunstância de se pertencer as grandes coletividades africanas e afro- descendentes; a consciência de pertencer a essa colectividade e a atitude de reivindicar-se como tal; a estética projetada pelos artistas e intelectuais negros no continente de origem e na diáspora"

Diante das afirmações acima citadas concluímos que a Negritude é o conjunto dos valores-económicos, políticos, intelectuais e morais, artísticos e sociais – não só dos povos de África negra mais ainda das minorias negras das Américas mesmos de Ásia e da Oceânia.

Contextualização e localização no tempo e no espaço
A ideia de renascimento, indigenismo e negrismo surge como consequência das luzes e do romantismo, que levaram à abolição da escravatura e finalmente à possibilidade de, após a Revolução Francesa de 1789, os povos supostamente poderem assumir a liberdade e igualdade.
Foi Aimé Césaire quem criou o termo em 1935, no número 3 da revista L'étudiant noir ("O estudante negro"). Com o conceito pretendia-se em primeiro lugar reivindicar a identidade negra e sua cultura, perante a cultura francesa dominante e opressora, e que, ademais, era o instrumento da administração colonial francesa (Discurso sobre o colonialismo, Caderno dum retorno ao país natal etc). O conceito foi retomado mais adiante por Léopold Sédar Senghor, que o aprofunda, opondo a razão helênica à emoção negra.
O nascimento deste conceito, e o da revista Présence Africaine (em 1947) de forma simultânea em Dakar e París terá um efeito explosivo. Reúne jovens intelectuais negros de todas as partes do mundo, e consegue que a ele se unam intelectuais franceses como Jean Paul Sartre, o qual definirá a negritude como a negação da negação do homem negro. Um dos aspectos mais provocativos do termo é que ele utiliza para forjar o conceito a parábola nègre, que é a forma pejorativa de intitular os negros em francês, em lugar do vocábulo-padrão noir, muito mais correcta e adequada no terreno político.
Segundo Senghor, citado por Ferreira a "Negritude é o conjunto de valores culturais da África negra".
 Para Césaire, a Negritude designa em primeiro lugar a repulsa. Repulsa[1] ante a assimilação cultural; repulsa por uma determinada imagem do negro tranquilo, incapaz de construir uma civilização. O cultural está acima do político".
Posteriormente, alguns escritores negros e mestiços criticaram o conceito, ao considerar que era demasiado simplificador: o tigre não declara sua "tigritude". Salta sobre sua presa e a devora (Wole Soyinka). O próprio Césaire se distanciou do termo, ao considerá-lo quase racista. De qualquer forma, se tratou de um conceito elaborado num momento em que as elites intelectuais indígenas de raça negra, tanto antilhanas quanto africanas, se encontravam na metrópole, e tinham pontos em comum bastante difusos (cor de pele, idioma do colonizador, etc) e sobre os quais não bastava simplesmente estabelecer vínculos. De facto, alguns autores entendem que relações de amizade pessoais forjaram identidades comuns que não existiam na realidade.
Este movimento surge numa altura em que os europeus caracterizavam o homem negro da seguinte maneira:
  • O negro é um ser intelectual, emocional e socialmente inferior.
  • O negro representa: falta de moralidade, signo de morte e corrupção; em contrapartida, o branco, digno de vida e de pureza.
  • O negro não é civilizado.
  • O negro é propenso a ser criminoso.
  • O negro é um demónio que precisa de civilização para serem gentes.

Na perspectiva de Senghor: Eis alguns valores característicos do homem negro:
  • O homem negro é essencialmente religioso e cultural, ritual e celebrante, porque para ele existe um ente supremo, o "sagrado", que é o verdadeiro real;
  • O homem negro é simbólico, porque o seu mundo é o mundo das imagens e do concreto; todas as realidades materiais, visíveis e imediatas são anunciadoras e portadoras de outras realidades
  • O homem negro é o homem de coração, porque, para além do corpo, da força vital, da habilidade, do entendimento e de todas as outras qualidades humanas, é ainda pelo coração que o homem vale, se define, e é julgado; para usar a categoria de um provérbio africano: "o coração do homem é o seu rei".

Importa revelar ainda que chegou mesmo a haver grandes figuras Ocidentais dizendo que a Negritude era também um movimento racista. Mas isso não corresponde à verdade, porque se para Césaire a "Negritude", no início, se fez racista simplesmente para realçar os seus valores, a sua dignidade e afirmá-los, para Senghor era ainda algo mais do que isso: a "Negritude" é um humanismo, porque todas as raças tinham lugar neste universo civilizacional de inspiração do homem.
É relevante referir-se ainda que a "Negritude" não surgiu apenas com o objectivo da recuperação da dignidade e da personalidade do homem africano, mas também como m movimento propulsionador da descolonização em África.)

Objectivos da negritude
O exame da produção discursiva dos escritores da Negritude permite levantar três objetivos principais:
  • Buscar o desafio cultural do mundo negro ou a procura de identidade;
  • Protestar contra a ordem colonial;
  • Lutar pela emancipação dos povos oprimidos e lançar o apelo de uma revisão das relações entre os povos para que se chegasse a uma civilização não universal como a extensão de uma regional imposta pela força mas uma civilização do universal, encontro de todas as outras, concretas e particulares.


Representantes da negritude no contexto francês e americano
Considera-se geralmente que foi René Maran, autor de Batouala, o precursor da negritude. Todavia, foi Aimé Césaire quem criou o termo em 1935, no número 3 da revista L'étudiant noir ("O estudante negro"). Com o conceito pretendia-se em primeiro lugar reivindicar a identidade negra e sua cultura, perante a cultura francesa dominante e opressora, e que, ademais, era o instrumento da administração colonial francesa (Discurso sobre o colonialismo, Caderno dum retorno ao país natal etc). O conceito foi retomado mais adiante por Léopold Sédar Senghor, que o aprofunda, opondo a razão helênica à emoção negra. 

Tipos de negritude e objectivos
A temática da Negritude é muito complexa, pois envolve tanto os aspectos subjetivos quanto objectivos; dos primeiros, temos a referência pessoal, dada pela história de cada um e, em seguida, a referência para as relações na sociedade.
  • Culto dos antepassados,
  • Retornos as fontes,
  • Valorização da cor e da cultura africana.

PAN-AFRICANISMO
Conceito
O Pan-africanismo é uma ideologia que propõe a união de todos os povos de África como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional. Relativamente popular entre as elites africanas ao longo das lutas pela independência da segunda metade do século XX, em parte responsável pelo surgimento da Organização de Unidade Africana, o Pan-africanismo tem sido mais defendido fora de África, entre os descendentes dos escravos africanos que foram levados para as Américas até ao século XIX e dos emigrantes mais recentes.
Eles propunham a unidade política de toda a África e o reagrupamento das diferentes etnias, divididas pelas imposições dos colonizadores. Valorizavam a realização de cultos aos ancestrais e defendiam a ampliação do uso das línguas e dialectos africanos, proibidos ou limitados pelos europeus.
Pan-africanismo é um movimento político, filosófico e social que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente africano no âmbito de um único Estado soberano, para todos os africanos, tanto na África como em diáspora.
A teoria Pan-africanista foi desenvolvida principalmente pelos africanos na diáspora americana descendentes de africanos escravizados e pessoas nascidas na África a partir de meados do século XX como William Edward Burghardt Du Bois e Marcus Mosiah Garvey, entre outros, e posteriormente levados para a arena política por africanos como Kwame Nkrumah. No Brasil foi divulgada amplamente por Abdias Nascimento.
Em meados do século XX o Pan-africanismo foi explicado como a doutrina política defendida pela irmandade africana, libertação do continente africano de seus colonizadores e ao estabelecimento de um Estado que buscasse a unificação de todo o continente sob um governo africano.
Pan-africanismo é a doutrina extra-africana que nasceu como simples manifestação da solidariedade fraterna entre africano e gentes de descendência africana, das ilhas britânicas e dos E.U.A. mas hoje tem um paradoxal sentido. O pan-africanismo tornou no decorrer do tempo vários aspectos.

Contextualização e localização no tempo e no espaço
No início do século XIX, a escravatura ainda estava em vigor no sul dos Estados Unidos, mas não no norte, graças a um decreto de 1787, que estabelecia o limite legal no Rio Ohio. Uma minoria de negros no norte tinha atingido uma posição sócio-económico próspera e alguns dos representantes desta classe começaram a desenvolver um sentimento de fraternidade racial que resultou no movimento "de volta para a África". Entre eles Paul Cuffe, um negro nascido livre, de pai africano e mãe ameríndia, que promoveu em 1815 uma tímida experiência de repatriamento para a África, antecessora da Sociedade Americana de Colonização fundadora da Libéria, mas os custos da empreitada dissuadiram-no.
No substrato intelectual que propiciou os movimentos abolicionistas, surgiram desde o início duas tendências na América do Norte: por um lado, os que acreditavam que a escravatura iria acabar, de uma forma ou de outra, e que era necessário encontrar uma casa para ex-escravos na África, a sua terra de origem. Os britânicos tinham estabelecido uma colónia na Serra Leoa entre 1787 e 1808, que se destinava às pessoas libertas dos barcos escravistas que capturavam.
O outro lado, dos que afirmavam que os descendentes dos escravos deviam permanecer na América e que inclusive tinham que ser capazes de uma subsistência independente. Mas, entre os mais acirrados abolicionista, não se acreditava que a raça negra e a raça branca podiam viver no mesmo espaço e prosperar sem um perpétuo conflito. Foi levado em consideração e pensado pelas próprias pessoas negras que, de uma forma ou de outra, seriam exploradas pelo sistema do homem branco, enquanto não tivessem a sua própria pátria. O elevado custo de envio de tantas pessoas para a África, fez com que a segunda opção prevalecesse.
Pan-africanismo foi o responsável pela quebra da mordaça imposta ao negro sufocado por séculos de escravidão e décadas de falsa liberdade. Esse movimento surgido nos Estados Unidos no final do século XIX foi o estopim de outros movimentos que surgiram nas primeiras décadas do século seguinte, espalhando a ideologia pan-africanista para além do solo norte-americano, onde quer que houvesse comunidades negras, e em especial a própria África, a terra prometida de um povo em diáspora.

Objectivo do Pan-africanismo
  • O Pan-africanismo apareceu para conduzir o povo africano que estava sujeito várias formas de exploração desde a escravatura a descolonização de África.
  • Propor a união de todos os povos de África como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional.
  • Propor a unidade política de toda a África e o reagrupamento das diferentes etnias, divididas pelas imposições dos colonizadores.
  • Valorizar a realização de cultos aos ancestrais e defendiam a ampliação do uso das línguas e dialectos africanos, proibidos ou limitados pelos europeus.
  • Expressar seu apoio a algumas comunidades africanas que estavam sendo vítimas de expropriação de suas terras.
  • Criar um estado único em África na qual dar-se-ia o nome de Estados Unidos de África.

Representantes
Apesar do nome, o Pan-africanismo não nasceu na África, não foi idealizado e nem dirigido nos primeiros anos por africanos. O Pan-africanismo foi idealizado por negros norte-americanos e negros antilhanos, em 1900, com o intuito de expressar seu apoio a algumas comunidades africanas que estavam sendo vítimas de expropriação de suas terras.
Considerado o pai do Pan-africanismo, W.Burghardt du Bois, em 1903, passou a liderar os movimentos negros americanos, fazendo a junção da defesa cultural e da luta pela independência política, conseguiu mobilizar a vontade dos africanos e o apoio da opinião pública em diversos países.
A origem do termo é inserida na corrente filosófica-política historicista do século XIX sobre o destino dos povos. E a necessidade da unidade de grandes conjuntos culturais ou “nações naturais” a partir do expansionismo imperialista ocidental. É discutido se a autoria da expressão pertence a William Edward Burghardt Du Bois ou Henry Sylvester Williams.

Congressos do pan-africanismo e seus Objectivos
O Pan-africanismo como o movimento político, filosófico e social que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente africano no âmbito de um único Estado soberano, para todos os africanos, tanto na África como em diáspora tem os seguintes aspectos:
  • Pretendia realizar o governo dos africanos pelos africanos respeitando as minorias raciais e religiosas que desejam viver na África com a minoria negral;
  • Renunciar o imperialismo encorajando a aceleração dos movimentos da independência de África reafirmando os direitos dos africanos a posse das terras africanas, dando apoio da conferência todas formas de acção destinada a conquistar a independência e exigindo a aplicação imediata e integral no continente africano dos direitos do homem contido na carta da ONU.

Conclusão
Terminado o trabalho, pôde concluir-se que o pan-africanismo e a negritude permitiram a difusão da mensagem dos mentores dos movimentos de libertação dos africanos.
Constatou-se ainda que o pan-africanismo e a negritude, eram diferentes na abordagem e na denominação, mas com o objectivo comum de lutar pela liberdade, estes dois movimentos foram desenvolvidos por estudantes e académicos africanos residentes em Inglaterra e em França, respectivamente. O primeiro, o pan-africanismo, lutava pela emancipação política até todos africanos, ao passo que o segundo, a negritude, lutava pela unidade dos negros sob o ponto de vista cultural.


Bibliografia
  • CARRILHO, Maria. Sociologia da Negritude. 70ª ed, Lisboa 1979.
  • CHAMBISSE, Ernesto et al, Imergência de Filosofar 11ª / 12ª, 1ª ed. Moçambique 2010.
  • FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3ª Edição, 1ª Impressão da Editora Positivo, revista e actualizada do Aurélio Século XIX.
  • FERREIRA, Manuel. No reino de caliban I, 1° vol, 4ªed. Lisboa 1997.
  • LARANGEIRA, Pires. A Negritude Africana de língua portuguesa, Porto 1995.
  • LARANGEIRA, Pires. Ensaios Afro Literários, Coimbra 2000.
  • MACIE, Filipe, Manual da 12ª classe, texto, 2010.
  • MARGARIDA, Alfredo, Estudos sobre literaturas das nações Africanas de línguas portuguesa, Lisboa, 1980.


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