Falácias
Introdução
Enquanto sujeitos falantes, cometemos frequentemente erros que os ouvidos desatentos não descobrem imediatamente. Tais erros são denominados de falácias. Estes podem ser, por um lado, involuntários ou despropositados e, por outro, propositados ou voluntários.
Portanto, neste trabalho irá abordar-se este conceito: falácias, onde durante a abordagem, falar-se-á dos seus tipos, e dar-se-ão alguns exemplos referentes a cada tipo.
Falácias
Falácia provém do grego “fallere” que significa enganar. Define-se como sendo um raciocínio errado porém com aparência de verdadeiro.
Enquanto sujeitos falantes, cometemos frequentemente erros que os ouvidos desatentos não descobrem imediatamente. Tais erros ou falácias podem ser, por um lado, involuntários ou despropositados e, por outro, propositados ou voluntários.
Assim, em qualquer falácia ocorrem dois elementos essenciais:
• Uma verdade aparente — em que o argumento é convincente e leva os incautos ao equívoco;
• Um erro oculto — que faz com que se retirem conclusões falsas a partir de uma verdade.
Tipos de Falácias
Existe uma variedade de falácias, mas não há consenso quanto à sua classificação. Contudo, as mais frequentes e comuns são:
3.1. Falácia da equivocação ou equívoco — acontece sempre que usamos, num argumento, acidental ou deliberadamente, a mesma palavra em dois sentidos diferentes.
Só o homem é que pensa.
Ora, nenhuma mulher é
homem.
Logo, nenhuma mulher
pensa.
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Este argumento é falacioso, dado que, na primeira premissa, a palavra «homem» significa «espécie humana» e, na segunda, «ser humano» do sexo masculino.
Anfibologia — deriva da ambiguidade sintáctica de uma parte de um argumento. Por isso, esta falácia ocorre sempre que procuramos sustentar uma conclusão recorrendo a uma interpretação errada de uma proposição gramaticalmente ambígua.
Todos os homens amam
uma mulher.
Mataka ama Abiba.
Logo, todos os homens
amam Abiba.
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A ambiguidade deste argumento verifica-se na primeira premissa, pois, em geral, cada homem ama uma mulher diferente. Todos amam uma mulher diferente. Consequentemente, não podemos concluir que todos os homens amam Abiba.
Falácia de analogia — ocorre quando se sobrevalorizam as semelhanças entre duas ou mais coisas ou quando se desprezam as diferenças relevantes.
Os macacos
não são
herbívoros. As
aves voam.
Os gatos
não são
herbívoros. O
avião voa.
Logo, os
gatos são
macacos. Logo,
o avião é uma ave.
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Falácia do acidental — acontece quando tomamos o que é acidental pelo que é essencial e vice-versa. E uma generalização abusiva.
Esta
aparelhagem não funciona.
Logo, a
técnica é uma farsa.
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Falácia de ignorância da causa — ocorre quando tomamos por causa um simples antecedente ou qualquer circunstância acidental.
Os
molwenes andam pelas ruas da cidade.
Logo, quem
anda pelas ruas da cidade é molwene.
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Falácia de oposição — ocorre quando não são respeitadas as regras da oposição de proposições.
Todos os
africanos são hospitaleiros.
Logo,
nenhum africano é hospitaleiro.
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Falácia do círculo vicioso (ou petição de principio) — acontece quando se pretende resolver uma questão com a própria questão, ou seja, quando se supõe acordado ou provado precisamente o que está em questão; apresenta-se como premissa o que sé se justifica como conclusão.
O que é a
lógica? E a ciência do que é lógico.
O remédio
cura porque tem a virtude curativa.
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Falácia da falsa dicotomia — ocorre quando se apresentam duas alternativas como sendo as únicas existentes em dado universo, ignorando outras alternativas possíveis. Confunde opostos e contraditórios, sendo, por isso, conhecida como a falácia do «ou tudo ou nada».
Ou estás
do meu lado ou estás contra mim.
Ou comes
tudo o que está no prato ou então não comes nada.
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Argumentum ad hominem (ataque pessoal) — esta falácia é cometida quando alguém tenta refutar o argumento de uma outra pessoa, atacando não o argumento mas a própria pessoa. Em vez de uma contra-argumentação (oposição de um argumento a outro), temos um ataque pessoal, ou seja, em vez de se apresentar razões adequadas ou pertinentes contra determinada opinião ou ideia, pretende-se refutar tal opinião ou ideia, censurando, desacreditando ou desvalorizando a pessoa que a defende.
O senhor
afirma estar inocente da acusação que pesa sobre si. Mas como poderemos
acreditar num homem cujo passado é melindroso?
Não
podemos aceitar o parecer da professora porque esta é muito jovem e não tem
experiência suficiente.
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Argumentum ad populum (apelo ao povo, a emoção) — esta falácia ocorre quando, por falta de razões convincentes ou pertinentes, se manipulam e exploram os sentimentos de uma audiência de modo a fazer adoptar o ponto de vista de quem fala. O «argumento» dirige-se a um conjunto de pessoas — «ao povo» — e tira partido de preconceitos, desejos e emoções, com o intuito de tornar persuasiva uma ideia ou uma conclusão para a qual não se encontram dados, provas ou argumentos racionais. Apela-se à emoção das pessoas e não à sua razão.
Querem uma
cidade sem lixo? Querem uma cidade em que as ruas não estejam esburacadas?
Querem uma
cidade com escolas para todos? Votem no partido X!
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Argumentum ad baculum (apelo à força – pressão psicológica) – verifica-se quando quem argumenta a favor de uma conclusão sugere ou afirma que algum mal ou problema acontecerá a quem não a aceitar. Este tipo de argumento baseia-se em ameaças explícitas ou implícitas ao bem-estar físico ou psicológico do ouvinte ou do leitor, seja ele um individuo ou um grupo.
Ou te
calas ou ficas sem recreio.
As minhas
opiniões estão corretas e mandarei prender quem discordar de mim.
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Argumentum ad ignorantiam (apelo à ignorância) – esta falácia acontece quando se argumenta que uma proposição é verdadeira porque não foi provado que é falsa, ou que é falsa porque não foi provado que é verdadeira.
Até hoje, ninguém
conseguiu provar a não existência de seres racionais superiores aos homens.
Logo, existem também
outros seres racionais superiores ao homem.
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Argumentum ad misericordiam (apelo à piedade) — este tipo de falácia verifica-se quando alguém argumenta recorrendo aos sentimentos de piedade e de compreensão de uma audiência, de modo que a conclusão ou afirmação defendida seja aprovada. Mas convém sublinhar que o apelo à piedade ou «falar ao coração» não é, de forma alguma, um modo racional de argumentação. E o que acontece frequentemente quando alguns alunos tentam convencer os seus professores a passá-los de classe, invocando razões comoventes.
Falácia da composição (tomar a parte pelo todo) — se as partes de um todo tem uma certa propriedade, argumenta-se que o todo tem essa mesma propriedade. Esse todo pode ser um objeto composto de diferentes partes como um conjunto de membros individuais.
Nem estes, nem aqueles
sapatos me servem.
Logo, nenhum sapato me
serve.
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Conclusão
Terminado trabalho, concluiu-se que na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que alega.
Constatou-se ainda que atualmente, falácia é entendida como qualquer erro de raciocínio, seguido de uma argumentação inconsistente. Considerando que um raciocínio pode falhar de inúmeras maneiras, as falácias foram classificadas em formais e informais.
Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.
É importante realçar ainda que um raciocínio pode incorrer em mais de um tipo de falácia, assim como que muitas delas são semelhantes.
Bibliografia
- BIRIATE, Manuel Mussa, GEQUE, Eduardo R. G., Pré-Universitário – Filosofia 12, 1ª ed. Pearson Moçambique, Lda, Maputo, 2014
- Consulta à internet: www.escolademoz.blogspot.com
- www.semnegativa.blogspot.com