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Introdução O presente tópico aborda um tema bastante importante, tema este que diz respeito a sociedade anónima, onde veremos que uma Socied...

AS COMUNIDADES DE CAÇADORES E RECOLECTORES: OS KHOISAN

INTRODUÇÃO
Nos primórdios, grande parte do território actual de Moçambique era povoado por povos nómadas. Uns caçavam e recolhiam bens da Natureza, eram os san, e outros eram pastores, os khoi-khoi. De seguida, Os povos Bantu chegaram em vagas sucessivas a região da África Austral, por volta dos séculos II e III n.e., provenientes da orla da grande floresta equatorial Congolesa.
É neste contexto que o desenvolvimento deste trabalho irá debruçar efectivamente a Expansão e Fixação Bantu desde o seu princípio (se refere a sua chegada) por volta dos séculos supracitados, relatando assim sua decorrência, a sua descrição e até ao destaque das teorias de Martin Hall.

AS COMUNIDADES DE CAÇADORES E RECOLECTORES: OS KHOISAN
Antes de o povoamento Bantu em Moçambique, grande parte do território actual de Moçambique era povoado por povos nómadas. Uns caçavam e recolhiam bens da Natureza, eram os san, e outros eram pastores, os khoi-khoi.
Depois, estes dois grupos nómadas juntaram-se e formaram um único grupo, que se chamou Khoisan. 
Os Khoisan foram os primeiros povos que habitaram Moçambique há muitos e longos anos. E os vestígios da permanência no nosso território chegaram até nós sob a forma de pinturas rupestres e artefactos de pedra lascada. 
Os Khoisan eram excelentes caçadores, conhecedores dos diferentes métodos de caça e de pesca, viviam em pequenos grupos nómadas, habitando próximo das rochas, nas cavernas ou em cabanas feitas de capim.
Telésfero Nhampulo, Atlas Histórico de Moçambique, p. 4 
Os Khoisan, para além de praticarem a caça e a recolecção, dedicavam-se também a pesca. Os seus instrumentos de trabalho eram talhados em pedra, capim, madeira e osso e tinham formas muito rudimentares.
Socialmente, os Khoisan estavam organizados em bandos. E a divisão do trabalho dependia do género e da idade.
A produção, no entanto, era partilhada de forma equitativa por todos os membros do bando ou da comunidade. Nestas sociedades não havia quaisquer formas de exploração, nem económica nem social. 
Os povos de origem Bantu
Na Idade do Ferro, vários povos com urna língua comum, o Bantu, migraram para Moçambique. As suas migrações aconteceram paulatinamente e foram seguidas de ocupação. Há várias causas que ajudam a explicar estas migrações sucessivas, mas o historiador Martin Hall é quem melhor as sintetiza.
A fixação destes povos fez nascer as primeiras sociedades moçambicanas, com tendência para a criação de riqueza e centralização do poder.
Quem são Os povos bantu?
Os povos Bantu eram vários povos unidos pela língua. Não há uma raça ou etnia Bantu. Diferem dos povos caçadores recolectores primitivos pois, por exemplo, praticavam a agricultura, a pastorícia e trabalhavam o ferro. 
A palavra “bantu” tern uma conotação exciusivarnente linguIstica e surg lu em 1862, sob pro posta do linguista alemão Sleek, para assinalar 0 grande parentesco de cerca de 300 lInguas, as quals utilizavam esse vocáb ulo para designar “os homens” (singular “muntu”). Não existe, pois, uma “raça bantu”.
História de Moçambique, vol. I, p. 12 


EXPANSÃO E FIXAÇÃO BANTU
As comunidades Bantuestabeleceram-se em Moçambique nas bacias fluviais e limites do litoral e nos planaltos e em costas do interior, criando novas formas de organização social, económica e até ideológicas.
A expansão Banto foi um processo de milhares de anos e acabou por provocar a fixação dos povos falantes dessas línguas um pouco por toda África Austral.
Os Bantu, para além de ocuparem terras que eram habitas pelos Khoisan, ocuparam também terras desocupadas.

VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS DA EXPANSÃO E FIXAÇÃO BANTU
Os estudos arqueológicos continuam a trazer novos dados sobre a presença de falantes Bantu de diferentes tradições no território moçambicano. Por isso, o tema da expansão e fixação bantu é um assunto em aberto que carece de mais estudos e interpretações.
As estações arqueológicas são testemunhas da presença de vários grupos populacionais que ao longo das diversas épocas se afixaram no nosso pais:
Zitundo, povoamento no Sul de Moçambique, no início da Idade do Ferro, pertencente à tradição Matola e ocupado entre os séculos I-III n. e., estando entre os mais antigos registados na África Austral;
Manyikeni, localizado a cerca 50 km da costa do oceano Índico, pertencente à mesma cultura do final da Idade do Ferro do Grande Zimbabwe, tendo sido habitado entre o século XII e o século XVI-XVII;
Campo Universitário, da universidade Eduardo Mondlane, local ocupado no início do primeiro milénio por povos da tradição Matola.
Nos anos 200 n.e., já há registos de fixação de populações nas planícies costeiras orientais, na Baía de Maputo e Mpumalanga na África do Sul.
O estudo da Idade de Ferro em Moçambique, ao longo de vários anos foi sempre realizado com múltiplas interpretações através das poucas informações disponíveis e onde arqueologia é, na essência, tida como a única fonte.
No nosso país, embora se realizem vários trabalhos nesta área, persistem lacunas nos diversos estudos até aqui realizados. Mesmo assim, a nossa arqueologia assume um papel importante nas novas descobertas e nos novos debates se vão realizando.
As grandes causas da expansão e fixação Bantu relacionam-se com:
  • O alargamento do deserto do Sara;
  • O aumento da população na orla noroeste da grande Floresta Equatorial;
  • A falta de terras cultiváveis nas florestas congolesas;
  • A difusão da tecnologia do ferro e das práticas agro-pastoris.

O Alargamento do Deserto do Sara
Nos primeiros séculos na nossa era, começou a acelerar-se o processo de desertificação do deserto do Sara. As populações tiveram de movimentar-se em busca de condições mais favoráveis. Com o clima mais seco e árido e com o problema de terras pouco aráveis, os povos Bantu decidiram rumar a sul e a sudeste.

O aumento da População na Orla Noroeste da Grande Floresta Equatorial
Na mesma altura, a população protobanto começava a ser numerosa. Eram demasiadas famílias alargadas para alimentar e defender. Então, algumas começaram a procurar melhores condições de vida nas terras mais afastadas do deserto, a sul e a sudeste.
A falta de terras cultiváveis nas florestas congolesas
A floresta congolesa, apesar de ter um solo fertilíssimo, tem uma vegetação muito densa e impossível de controlar.
Para a prática da agricultura, sobretudo da sementeira de cereais, os Bantu precisavam de terrenos desbastados e isso, na grande floresta equatorial, era muito difícil de conseguir. E, quando faziam, o solo tornava-se pouco fértil. Logo a melhor solução para a falta de terras cultiváveis era migrar para outras latitudes.
A difusão da tecnologia do ferro e as práticas agro-pastoris
As populações Bantu, tal como as comunidades primitivas (ex: Khoisan) praticavam a caça, a pesca e a recolecção. No entanto eram conhecedoras da agricultura, da pastorícia e do uso de ferro. Estas suas capacidades foram as mais inovadoras e, muito provavelmente, a maior razão da sua expansão. Como praticavam actividades que exigem a ligação a um só local, eram comunidades sedentárias.
As aldeias dessas sociedades localizavam-se perto de fontes permanentes de água. As casas eram de madeira.
Os produtos produzidos eram variedades de cereais subtropicais, tais como: Mapira e Mexoeira.
Foram os primeiros falantes que trouxeram a arte do domínio do ferro e outros metais para o território actual de Moçambique. O conhecimento do domínio do ferro apresentou várias vantagens aos povos falantes Bantu. Começaram a fabricar utensílios mais resistentes, mais duradouros e mais eficazes, tanto para a caça como para a pesca e para a agricultura.
Os vestígios dessa arte do ferro chegaram até aos nossos dias e podem ser observados em museus ou em sítios arqueológicos do nosso país.

Comunidades Comunidade Primitiva Khoisan Comunidade Sedentária Bantu
Características Económicas
  • Caçadores reflectores;
  • Excelentes caçadores;
  • Conhecimento de diferentes técnicas de caça: armadilhas de formas de covas cobertas de capim, veneno extraído de raízes, de cobras, de aranhas e escorpiões que usavam para untar umas flechas.
  • Conhecedores de técnicas de conservação de carne (assada, fundada ou seca);
  • Recolhiam bolbos comestíveis, frutos, nozes;
  • Pesca;
  • Vestiam-se de tangas feitas de pele de animais;
  • As cascas de ovo de avestruz e tartaruga serviam para carregar e conservar água;
  • Nómadas. Sedentários;
  • Agricultores e pastores;
  • Cultivo do solo (ex.: mapira e mexoeira);
  • Criação do gado bovino, ovino e caprino;
  • Leite;
  • Usavam caleiros de argila e cestos gigantes para armazenar cereais;
  • Utilizavam os bois como montada e como animais de carga;
  • Dominavam o trabalho do ferro;
  • Faziam esculturas;
  • Peixe, ostras, e outros mariscos.
  • Características sociais Organizam-se em bandos;
  • Divisão natural de trabalho (mulheres = recolecção; homens = caça);
  • Sem hierarquia social. Organizavam-se em famílias alargadas, clãs e tribos;
  • Divisão natural (mulheres = agricultura; homens = caça, ferro, etc.) e social do trabalho;
  • Havia hierarquia social.

AS DIVERSAS TEORIAS SOBE A EXPANSÃO BANTU SEGUNDO MARTIN HALL
Sobre a origem e expansão Bantu, também foram realizados vários estudos e debates, apesar de no nosso país ainda subsistirem inúmeras regiões inexploradoras, isto é, que não sofrem nenhuma pesquisa arqueológica.
Destacam-se as teorias de Martin Hall, grande estudioso e professor universitário, que sintetizou em três aspectos fundamentais das discussões de linguistas, arqueólogos e historiadores sobre a expansão Bantu.
1. A Primeira teoria: rácica
Há quem defenda que a expansão Bantu se deveu a razões rácicas. Segundo estes defensores a imaginação para o Sul de África de uma nova raça que era tecnologicamente mais desenvolvida, provocou a absorção das demais raças e etnias.
2. A segunda teoria: linguística
Um segundo aspecto foi a questão das línguas africanas. Segundo Vansina, havia na raiz da expansão um povo ancestral que falava uma língua, o bantu. E o termo é aplicado de forma aleatória quer à raça quer à cultura, quer à própria língua.
Outro dos dinamizadores desta teoria foi o linguista J. H. Greenberg.

3. A Terceira Teoria: Domesticação de Fauna e Flora e Uso do Ferro
Há cerca de 600 anos a. n. e. segundo Hall, a região do Sara começou com o processo da desertificação provocando profundas transformações nas relações entre a cobertura vegetal e o clima, influenciando mudanças na pastorícia e na agricultura.
Esta situação obrigou as populações a moverem-se da região do deserto para as regiões de savanas mais a sul (região do Sahel). Esta mudança para a região da savana terá causado o processo de domesticação de sementes, como o sorghum.
Surgia assim uma economia mista (agricultura, pastorícia e trabalho em ferro), que levava as comunidades a fixarem-se em períodos num determinada local, originando as diferentes especializações em ramos de produção, o aumento da produção e a necessidade de uma melhor organização da sociedade (maior controlo social e da sua reprodução).
Nascia assim uma nova organização política e económica com tendências para a centralização do novo tipo de poder político emergente.

CONCLUSÃO
O tempo levou os Khoisan e os Bantu a procurarem a convivência. Essa convivência aconteceu essencialmente de duas formas: em relações de trabalhos nas trocas de produtos de caça por produtos agrícolas. O contacto laboral e comercial com os falantes Bantu fez com que os Khoisan aprendessem a tecnologia do ferro, as técnicas de cultivo de terras e a criação de animais.
Segundo Amélia Neves de Souto, Hall merece destaque na medida em que ele não só sintetizava as diversas opiniões formuladas pelos diferentes investigadores que estudaram o assunto como tenta apresentar uma visão global de toda a problemática.

BIBLIOGRAFIA
  • NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
  • HABRAHAMSON, Hans,NILSSON,Anders, Moçambique em transição, um estudo da História de Desenvolvimento durante o Período 1974-1992, Maputo, Edição CEE/ISRI, 1994

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