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Placenta Prévia - Sangamento vaginal

Introdução 
O sangramento vaginal anteparto é considerado uma importante causa de risco materno e fetal. Em virtude disso é fundamental seu rápido reconhecimento e conduta. Durante a segunda metade gestação, as principais causas de hemorragia vaginal são descolamento prematuro de placenta e placenta prévia
As hemorragias na segunda metade da gestação constituem-se em frequentes diagnósticos em obstetrícia. São uma das principais causas de internação de gestantes no período anteparto, com importante aumento da morbimortalidade materna e perinatal, assim como de partos operatórios. 
A morbimortalidade perinatal está relacionada principalmente aos altos índices de prematuridade. Várias são as possíveis causas de sangramento. Entre as causas obstétricas, as mais importantes são o descolamento prematuro de placenta e a placenta prévia, que correspondem a até 50% dos diagnósticos. Não podem ser esquecidas a rotura uterina e a rotura da vasa prévia, que também são importantes causas obstétricas. Entre as causas não obstétricas, pode ocorrer o sangramento proveniente do colo do útero durante a dilatação no trabalho de parto, cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo de útero e trauma vaginal. Os prognósticos materno e fetal vão depender do diagnóstico correto da causa do sangramento e conduta adequada com base nesse diagnóstico.


2.1.Placenta Prévia 
 2.1.1. Conceito e Classificação 
A inserção placentária deve ser classificada em alta ou baixa, levando-se em consideração a distância entre o bordo da placenta e o orifício cervical interno. Quando essa distância é superior ou igual a 20mm a placenta apresenta inserção alta e, quando é inferior a 20mm, a inserção é baixa (anteriormente denominada placenta marginal), (CORREA, 2010)
A placenta prévia é definida quando o tecido placentário total ou parcialmente inserido no segmento inferior do útero, se estende sobre o orifício cervical interno, de forma parcial ou total, após 28 semanas de gestação. (Anteriormente denominada placenta prévia centro-total ou centro-parcial), (CORREA, 2010).

2.1.2. Manifestações Clínicas 
As manifestações clínicas são secundárias à migração placentária, contrações e dilatação cervical e se caracterizam por sangramento genital intermitente, imotivado, recorrente e de volume variável; dor ausente (80%) ou associada a contrações (20%); útero normotenso ou com contrações periódicas. Como a área de placenta descolada geralmente é pequena, o comprometimento hemodinâmico materno e fetal são infrequentes, assim como a ocorrência de coagulopatia. Apenas 10% das pacientes atingem o termo da gestação sem sintomas, (CORREA, 2010).
De acordo com a proximidade da placenta ao Orifício Interno, a placenta previa pode ser classificada em: 

  • Placenta prévia centro total: a placenta recobre completamente o Orifício Interno; 
  • PP centro parcial: a placenta recobre o Orifício Interno parcialmente; 
  • PP marginal: a borda placentária coincide com borda do Orifício Interno; 
  • PP lateral: a borda placentária dista até 2,0 cm do Orifício Interno. 
Devido à migração placentária, uma placenta só poderá ser denominada prévia após a 28ª semana de gestação. Este fenômeno é secundário ao crescimento proporcionalmente maior do segmento inferior em relação ao corpo do útero, a atrofia por vascularização deficiente da região de implantação placentária e a descolamentos da borda e necrose da placenta. Placentas inseridas no segmento uterino inferior, diagnosticadas antes de 28 semanas, recebem o nome de placentas de inserção baixa. PP podem ainda estar anormalmente aderidas ao útero, em uma condição chamada acretismo placentário, (CORREA, 2008).
Uma placenta é acreta quando invade a camada basal da decídua, increta quando invade o miométrio e percreta quando vai além do miométrio até serosa uterina ou outros órgãos. 

2.1.3. Diagnóstico  
O diagnóstico de Placenta Prévia é aventado pelo quadro clínico e ultrassonográfico. Este diagnóstico deve ser considerado em todas as mulheres grávidas, na segunda metade da gestação, que apresentam sangramento vaginal indolor. Em algumas situações, a paciente procura o pronto atendimento com sangramento após relação sexual, em casos de placenta em proximidade ao Orifício Interno do colo e hipervascularização deste. Por outro lado, PP com grandes áreas de acretismo podem não sangrar, não sendo por isso, menos graves (Ribeiro, 2006).

Além dos sinais e sintomas obstétricos associados à Placenta Prévia, sintomas de hipovolemia podem estar presentes dependendo da gravidade do caso. No exame clínico geral da paciente atentar para os sinais de perda volêmica e de coagulopatia, que são mais raros na Placenta Prévia. O exame obstétrico demonstra útero normotenso e sangramento genital em quantidade variável (pequeno a moderado volume), que se exterioriza em sua totalidade por via vaginal. Alterações na frequência cardíaca fetal são infrequentes. O exame especular e o toque vaginal devem ser realizados por profissional experiente, devido ao risco de sangramento adicional provocado por um exame intempestivo. O diagnóstico definitivo da PP é ultrassonográfico, de modo que este exame complementar é imprescindível para confirmá-lo, (Ribeiro, 2006).

Outros exames auxiliam na avaliação do comprometimento sistêmico da paciente. Como a, 1) ultrassonografia, deve sempre ser transvaginal para melhor visibilização do colo e do segmento placentário próximo a este. Sinais de acretismo devem ser pesquisados e são representados por, adelgaçamento ou perda do espaço hipoecogênico miometrial retroplacentário, espaços anecóides intraplacentários (“lacunas”), protrusão da placenta para o interior da bexiga ou outro órgão, presença de fluxo turbulento nas lacunas placentárias e aumento da vascularização na interfase placenta – serosa ou bexiga/outro órgão. 2) Ressonância Nuclear Magnética; este exame deverá ser solicitado como complementação do exame ecográfico, se as condições maternas e fetais estiverem estáveis. Entretanto, a sensibilidade e especificidade desse método para o diagnóstico de acretismo ainda são baixas. 3) Hemograma, tipo sanguíneo e triagem de anticorpos, coagulograma, função hepática e renal. (Ribeiro, 2006).

2.1.4. Tratamento  
De acordo com Ribeiro (2006), o diagnóstico da Placenta Prévia associada a sangramento genital requer internação imediata. As condutas clínicas e obstétricas devem ser tomadas simultaneamente, com monitorização materna e fetal rigorosa. Medidas de suporte de vida materno devem ser tomadas. A conduta obstétrica dependerá da idade gestacional, do tipo de Placenta Prévia, do volume de sangramento e atividade uterina, das condições maternas e fetais. 

1- Gestações com menos de 36 semanas:
Boas condições maternas e fetais: prescrever repouso materno, induzir maturidade pulmonar fetal com Betametasona, 12 mg intramusculares ao dia, por dois dias consecutivos (se idade gestacional entre 28 e 34 semanas); realizar tocólise na eventualidade de contrações uterinas (se idade gestacional inferior a 34 semanas) e manter avaliação rigorosa da vitalidade fetal e materna. A resolução da gestação deverá ser realizada na maturidade fetal; Comprometimento materno e/ou fetal: resolução da gestação imediata por parto cesárea, independente da idade gestacional. 

Gestações com 36 semanas ou mais, assintomáticas:  Placenta Prévia centro total: cesárea eletiva com 37 semanas;  Placenta Prévia centro parcial, marginal e lateral: a conduta deve ser expectante, a fim de que o trabalho de parto se estabeleça espontaneamente. Apesar dos altos índices de cesárea associados a estes casos, a via vaginal é uma opção permitida, havendo a necessidade de internação precoce e controle rigoroso das condições maternas e fetais durante o trabalho de parto.  Na eventualidade de sangramento importante durante o trabalho de parto, a amniotomia pode ser realizada para que a apresentação fetal desça no canal de parto e comprima a placenta. Isto impedirá progressão do descolamento e permitirá compressão da área sangrante. Caso haja comprometimento materno ou fetal em qualquer momento, a cesárea está indicada.
 
Placenta Prévia com acretismo: realizar cesárea com histerectomia total. Realizar incisão uterina em fundo uterino para extração fetal. Não tentar a dequitação placentária, pois a demora na decisão de uma histerectomia ou de ressecar parcial um órgão invadido pela placenta pode levar a aumento da morbimortalidade materna. É prudente que estes casos sejam abordados por equipe experiente, em serviços terciários com suporte hemoterápico e da radiologia intervencionista (introdução de balões oclusivos temporários das artérias ilíacas). Caso o diagnóstico de acretismo seja realizado no intraoperatório, em serviço sem essas condições, não se deve tentar "arrancar" a placenta. Se a paciente não estiver sangrando, a sua transferência para centros maiores deverá ser realizada após histerorrafia e fechamento da cavidade abdominal.

2.2. Descolamento Prematuro De Placenta Normalmente Inserida (Dppni)
2.2.1. Conceito 
Separação da placenta implantada no corpo ou fundo uterino antes da expulsão fetal em gestação de 20 semanas ou mais. Esta enfermidade se associa a maior incidência de coagulopatia, hemotransfusão, histerectomia e infecção puerperal, (Golino et al,2006).
O hematoma proveniente da rotura de vasos da decídua materna disseca a interface decídua – placenta, levando ao descolamento, prejuízo das trocas de gases e nutrientes e comprometimento fetal progressivo. Os principais fatores de risco associados a esta doença são: hipertensão, idade materna avançada, multiparidade, uso de cocaína, tabagismo, trauma, corioamniorrexe, trombofilias, leiomiomas, antecedente de DPPNI e uso indevido de drogas ocitócicas (Golino et al,2006).

2.2.2. Manifestações Clínicas 
O quadro clínico clássico do DPPNI é caracterizado por forte dor abdominal de início súbito, constante, concomitante a aumento do tônus uterino (hipertonia uterina ou taquissistolia) e sangramento genital em quantidade variável (20% dos casos apresentam hematoma retroplacentário, sem sangramento externo), (Golino et al,2006).
 O aumento da contratilidade uterina é resultado da irritação das fibras musculares por sangue. Quando maior a pressão intrauterina e a dimensão do coágulo retroplacentário, maior o risco do útero de Couvelaire, representado por um útero com miométrio infiltrado por sangue, com desorganização de sua estrutura e consequente atonia puerperal. No DPPNI ainda é comum a ocorrência de comprometimento fetal representado por desacelerações da frequência cardíaca fetal ou óbito, (Golino et al,2006).
Além destes achados obstétricos, podem ser encontrados sinais e sintomas de perda volêmica e de coagulopatia (petéquias, equimoses, hematomas, gengivorragia, epistaxe, hematúria e/ou sangramento por incisões e punções). De acordo com Misau (2012), o DPPNI poderá ser classificado em 3 graus: 
  • Grau I (“descolamento crônico”): quadro leve caracterizado por sangramento discreto, aumento da atividade, sem comprometimento materno ou fetal;
  • Grau II: quadro clínico clássico com dor, hipertonia uterina, sangramento moderado a intenso, comprometimento variável e feto vivo, mas frequentemente com comprometimento da frequência cardíaca; 
  • Grau IIIa: quadro clínico materno clássico, com feto morto, mas sem coagulopatia; • Grau IIIb: quadro clínico materno clássico, com feto morto, mas com coagulopatia. 
2.2.3. Diagnóstico 
O diagnóstico de DPPNI deve ser considerado em todas as mulheres grávidas, na segunda metade da gestação, que apresentam sangramento vaginal e dor abdominal. É consenso que a história clínica e o exame físico constituem partes importantes da avaliação dessas pacientes e, devido à gravidade que geralmente acompanha os casos, devem ser realizados ao mesmo tempo. Outros sintomas podem se citados dependendo da gravidade do caso, tais como: fraqueza, tonturas, sudorese e perda da consciência, (Misau,2006).
Nas situações mais graves, a paciente pode chegar ao serviço inconsciente e todas as informações deverão ser obtidas de outros profissionais de saúde e familiares. No exame clínico geral da paciente podem estar presentes sinais de hipovolemia, tais como palidez, taquicardia, hipotensão arterial, agitação, torpor e choque e de coagulopatia. O exame obstétrico demonstra hipertonia uterina, alterações na frequência cardíaca fetal e sangramento genital em quantidade variável. Poderá haver discrepância entre o volume de sangramento exteriorizado e os sinais clínicos de perda volêmica, nos casos de hematomas retroplacentários, (Misau,2012).
Na ausência de informação sobre a topografia da placenta, o exame especular e o toque vaginal devem ser realizados por profissional experiente. Quadros iniciais podem dificultar o diagnóstico e devem ser valorizados, mantendo-se observação e controle cuidadoso da paciente. O diagnóstico do DPPNI é clínico, de modo que os exames complementares auxiliam nos casos duvidosos de menor gravidade na avaliação do comprometimento sistêmico da paciente, (Misau,2012):

  1. Ultrassonografia: exame auxiliar nos casos de “descolamento crônico”, nos quais é possível detectar coágulo retroplacentário, espessamento ou elevação da borda da placenta. Porém, a sensibilidade do ultrassom para estes achados é extremamente baixa. Sua importância se faz no diagnóstico diferencial com a placenta prévia. b) Hemograma: a dosagem de hemoglobina e o hematócrito podem auxiliar na avaliação do volume de sangramento. Plaquetopenia pode estar associada a situações de coagulopatia. c) Tipo sanguíneo e triagem de anticorpos: exames obrigatórios, pela eventual necessidade de transfusão sanguínea e prevenção de aloimunização Rh. d) Coagulograma: indicado para avaliação de coagulopatia. 

Devem ser avaliados: Tempo de Protrombina (relação TP paciente/TP controle, RNI até 1,2), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (relação TTPA paciente/TTPA controle, R até 1,25), dosagem de fibrinogênio (normal de 150 a 300 mg/dl) e dos produtos de degradação da fibrina (< 20 μg/ml). Na impossibilidade de se determinar os testes específicos de coagulação ou se não houver retaguarda laboratorial rápida, recomenda-se a realização do teste de Wiener: coleta-se cerca de 10 ml de sangue em um tubo seco, deixando-o em repouso na temperatura ambiente por 10 minutos(Golino et al,2006). 
Se houver formação de coágulo firme e estável, o fibrinogênio é superior a 100 mg/dl e o risco de coagulopatia é pequeno. Caso a formação seja débil ou não ocorra, iniciar o tratamento antes do coagulograma. 
 
2.2.4. Tratamento
 O diagnóstico requer internação imediata, com aplicação de condutas clínicas e obstétricas simultaneamente. É necessária monitorização rigorosa dos sinais vitais maternos e da frequência cardíaca fetal, (Fortes et al,2010). 
Medidas de suporte de vida devem ser tomadas, tais como: manter a paciente em jejum, manter as vias aéreas livres, fornecer O2, realizar venóclise em vaso calibroso (Abocath 18) e hidratação endovenosa com soro fisiológico 0.9% ou Ringer Lactato (manter débito urinário maior que 30 ml/hora), avisar o banco de sangue sobre possibilidade de transfusão sanguínea, realizar coleta de exames para pesquisa de anemia e coagulopatia e efetuar reposição de hemoderivados quando necessária, o mais rápido possível, (Fortes et al,2010). 

A conduta obstétrica dependerá da classificação do DPPNI, da idade gestacional, das condições maternas e fetais, (Fortes et al,2010);
  • DPPNI grau I: • Feto pré-termo: induzir maturidade pulmonar fetal com Betametasona, 12 mg intramusculares ao dia, por dois dias consecutivos (se idade gestacional entre 28 e 34 semanas), realizar tocólise na eventualidade de contrações uterinas (se idade gestacional inferior a 34 semanas) e manter avaliação rigorosa da vitalidade fetal e materna. A resolução da gestação deverá ser realizada na maturidade fetal, se as condições maternas e fetais forem boas. Do contrário, o parto deverá ser realizado em qualquer idade gestacional. 
  • Feto com idade gestacional superior a 36 semanas: resolução da gestação. Priorizar a via vaginal, se a vitalidade fetal estiver preservada e não houver contraindicações maternas a ela. 
  • DPPNI grau II: resolução da gestação, independente da idade gestacional. A via de parto deverá ser a mais rápida, podendo ser a vaginal se houver a possibilidade de ultimar o parto imediatamente. A amniotomia deve ser realizada (se a dilatação cervical permitir), mesmo que a resolução se faça por cesárea, visto que diminui a velocidade de descolamento e a área de sangramento, além de reduzir a pressão intrauterina, minimizando os riscos de coagulopatia. 
  • DPPNI grau III: resolução da gestação. Os distúrbios maternos deverão ser corrigidos e o parto poderá ser vaginal, desde que as condições maternas sejam estáveis e a previsão de resolução não se estenda para além de 6 horas. Sempre realizar amniotomia. Ocitocina poderá ser administrada para acelerar a evolução do trabalho de parto

2.3. Rotura Uterina 
2.3.1. Conceito
 Rotura uterina consiste na perda de continuidade completa ou incompleta da parede uterina, podendo ocorrer antes ou durante o trabalho de parto. É um indicador da qualidade da assistência obstétrica prestada por um serviço. A incidência da rotura uterina é maior em países em desenvolvimento, onde existem altas taxas de cesárea, multiparidade e uso iatrogênico e sem monitorização adequada de agentes ocitócicos no trabalho de parto. Outros fatores de risco importantes são: a existência de cicatrizes de cirurgias uterinas prévias (além da cesárea), desproporção céfalo-pélvica não diagnosticada devido à falta do partograma e os traumas uterinos, (Vasconcellos et al, 2002). 

2.3.2. Manifestações Clínicas
 De acordo com Vasconcellos et al (2002), as manifestações clínicas da rotura uterina são precedidas pelo quadro clínico de iminência de rotura uterina, na grande maioria dos casos, fato este que facilita sua prevenção. São sinais e sintomas de iminência: 
  • Presença de contrações subentrantes intensas e excessivamente dolorosas;
  • Presença do sinal de Bandl: anel transverso próximo à cicatriz umbilical que separa o corpo do Segmento inferior do útero; 
  • Presença do sinal de Frommel: retesamento dos ligamentos redondos, que podem ser palpados nas fossas ilíacas da paciente. A dor apresentada pela paciente passa por diversos estágios a depender do momento considerado. No momento da rotura uterina, a dor abdominal que antes era significativa e agravada pelas contrações uterinas, sofre aumento abrupto e torna-se lancinante no hipogástrio, sendo seguida por acalmia dolorosa transitória. A seguir, ocorre retorno de dor contínua relacionada à irperitoneal. 
Sangramento genital poderá ocorrer e sua intensidade dependerá da extensão da rotura e dos vasos atingidos, assim como sinais e sintomas de hipovolemia. Outros sinais que sucedem a rotura são a paralisação do trabalho de parto, a subida da apresentação fetal no canal de parto, a palpação de massas abdominais (feto na cavidade abdominal) e, menos frequentemente crepitação subcutânea (Sinal de Clark). Comprometimento da vitalidade fetal é frequente, havendo elevada morbimortalidade perinatal caso o diagnóstico seja postergado (Vasconcellos et al, 2002). 

2.3.2. Diagnóstico
 O diagnóstico de rotura uterina é clínico. É muito importante prestar assistência obstétrica de qualidade para que o diagnóstico de iminência de rotura uterina e a pronta intervenção sejam realizados na totalidade dos casos. Para se atingir esses objetivos, os fatores de risco maternos devem ser valorizados. A paciente com iminência de rotura é extremamente agitada e queixa-se de muita dor (Sass,2013).
Quando a mesma é atendida após a rotura, a falsa impressão de melhora do quadro álgico pode confundir o médico pouco experiente. No exame clínico geral da paciente atentar para os sinais de perda sanguínea. O exame obstétrico demonstra útero de difícil delimitação e palpação de massas abdominais anormais. O sangramento genital é variável, com a maior parte da hemorragia sendo direcionada à cavidade peritoneal. Alterações na frequência cardíaca fetal variam de bradicardias à ausência, (Sass,2013).

O exame especular nem sempre é realizado devido à emergência do caso e o toque vaginal auxilia o diagnóstico apenas quando a rotura uterina se dá no trabalho de parto avançado, após a insinuação da apresentação fetal. Exames complementares devem ser solicitados para auxiliar na avaliação do comprometimento sistêmico da paciente, tais como:
a) Ultrassonografia: a realização deste exame não deve, de forma alguma, retardar a instituição do tratamento. A ecografia pode ser realizada em situações em que existem dúvidas diagnósticas e estabilidade hemodinâmica materna e fetal, podendo-se detectar líquido livre em cavidade peritoneal, perda de continuidade na avaliação da parede uterina e feto/partes fetais fora do útero, (Sass,2013).
 b) Hemograma, tipo sanguíneo e triagem de anticorpos, coagulograma, função hepática e renal: as indicações para solicitação desses exames são as mesmas citadas nos itens DPPNI e PP, ou seja, para avaliação de coagulopatia e devido a possibilidade de hemotransfusão. 

2.3.3.Tratamento 
O diagnóstico de iminência de rotura uterina requer intervenção imediata, com resolução da gestação por parto cesárea de emergência. Nos casos em que já houve a rotura, as condutas clínicas e obstétricas devem ser tomadas simultaneamente, visando estabilização hemodinâmica materna e parto imediato por laparotomia exploradora, (Vasconcellos et al, 2002).
A incisão na parede abdominal deverá ser mediana e a anestesia deverá ser administrada pela via mais rápida. Após a extração fetal e dequitação placentária, está indicada a correção cirúrgica da rotura uterina. Suturas da rotura uterina e manutenção do útero ficam reservadas para pacientes jovens que desejam mais filhos, roturas de pequena extensão e não complicadas. Nas roturas extensas ou associadas à hemorragia de difícil controle e nas roturas de diagnóstico tardio com infecção instalada, a histerectomia está indicada. Algumas roturas provocam grandes hematomas de ligamento largo e retroperitônio, (Vasconcellos et al, 2002).
A princípio, hematomas retroperitoniais não devem ser manipulados. Órgãos vizinhos aderidos ao útero podem ser lesados na rotura e a correção cirúrgica dessas lesões deverá ser efetuada por profissional experiente. Caso o útero seja conservado, esterilização definitiva deverá ser discutida com a paciente no puerpério, (Vasconcellos et al, 2002).

2.4. Hemorragia Puerperal (Hp) 
2.4.1. Conceito 
Hemorragia puerperal é a principal causa de mortalidade materna no mundo, mesmo em países desenvolvidos. Para que haja redução dos índices e complicações relacionadas a esta enfermidade torna-se necessária abordagem multidisciplinar rápida da paciente, por pessoal capacitado, com material adequado disponível e protocolos de fácil acesso, (Sass,2013). 
Apesar do conhecimento dos principais fatores de risco para HP e de estratégias de prevenção claramente documentadas, grande parte dos casos não são previsíveis ou evitáveis. Classicamente, HP corresponde à perda sanguínea maior que 500 ml após parto normal e superior a 1000 ml após cesárea. Na prática, a HP pode ser definida como a perda sanguínea suficiente para tornar a paciente sintomática e/ou com sinais de hipovolemia. Algum autor tem utilizado a queda superior a 10% do valor do hematócrito pré-parto para diagnosticar HP. A HP pode ser primária, quando ocorre nas primeiras 24 horas do puerpério, ou tardia quando presente após esse período (até a 6ª semana), (Sass,2013).

2.4.2. Manifestações Clínicas 
As manifestações clínicas da HP dependerão do volume de perda sanguínea. Em geral, perdas de sangue de 500 a 1000 ml são bem toleradas, sem sintomas ou alterações nos sinais vitais. Segundo o Colégio Americano de Cirurgiões (2004), perdas sanguíneas superiores a 15% do volume circulante materno (> 1000 ml) estão associadas a mudanças no quadro clínico.

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Os Reinos Afro-Islâmicos

Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da disciplina de História e tem como tema: Os estados afro-islâmicos do Costa. Falar-se-á sobre o sultanato de Angoche, de Quitagonha e o Sancul.
De salientar que Um dos resultados entre os mercadores árabes e população moçambicana foi exactamente a islamização progressiva dessas comunidades, principalmente no litoral onde surgiram, como consequência, núcleos linguísticos como:  Mwani, Nahara e Koti  e adopção por estes, de modelo de organização social e politico arabizados. Em resultado disso, estruturaram-se unidades políticas moçambicanas como Xeicados e Sultanatos.
A origem do sultanato de Angoxe está ligada à fixação em Angoxe de refugiados de Quiloa já estabelecidos em Quelimane e Ilha de Moçambique. O primeiro Sultão provavelmente tenha sido Xosa, filho de tal Hassani que viera em Angoxe, por ter constatado que Angoxe reunia condições para o comércio. Com efeito, Angoxe ganhou importância crescente quando a capital de estado mwenemutapa mudou para próximo de Zambeze e na abertura das rotas comerciais seguindo os ris Mazoe e Luanga.


Os Reinos Afro-Islâmicos
Um dos resultados dos contractos entre mercadores árabes e populações moçambicanas foi a islamização progressiva destas comunidades, principalmente no litoral onde surgiram como consequência núcleos linguísticos como os Mwani, nharra e Koti e a adopção por estas modelos de organização social e politico arabizados. Em resultado disso estruturam-se comunidades políticas moçambicanas como os Xeicados e Sultanatos.
Os Reinos Afro-Islâmicos são resultado da chegada dos Árabes a Moçambique no século IX, provenientes do Golfo pérsico e instalando-se progressivamente na costa moçambicana, concretamente na Ilha de Moçambique e em Quelimane, numa primeira fase, e mais tarde, no Vale de Zambeze e no Planalto do Zimbabwe, no século XIII.
Numa primeira fase os Reinos Afro-Islâmicos dedicavam-se ao comércio do ouro, marfim e peles de leopardo. A partir do século XVIII, quando a procura dos escravos ultrapassou o comércio do marfim, os Reinos Afro-Islâmicos especializaram-se neste comércio. No século XIX, quando medidas abolicionistas foram decretadas por Portugal, em 1836 e em 1842, estes reinos continuaram a praticar a escravatura, assegurando o comércio clandestino de escravos para Zanzibar, Ilhas Francesas do Oceano Indico e Golfo Pérsico.

Relações entre os Reinos Afro-Islâmicos e Portugal
Analisando a relação destes com os Portugueses, repete-se o que se passava com os Estados Militares: Portugal procurou aliciar os sultões e xeiques, dando-lhes cargos administrativos -militares como os de Capitão-mar. Agindo assim, garantia, pelo menos teoricamente, que os Sultanatos e Xeicados se subordinassem à administração portuguesa. Na prática, esta subordinação era feitiça, pois existia enquanto os portugueses não interferissem contra os seus interesses.

Os Reinos Afro-Islâmicos continuaram autónomos porque os portugueses não possuíam recursos humanos, financeiros e militares para os conseguir dominar, embora quisessem convencer o mundo de que efectivamente ocupavam Moçambique.


Aspectos comuns dos Reinos Afro-Islâmicos
Os Reinos Afro-Islâmicos da costa tinham muitos aspectos em comum, a saber:
  • Praticavam o comércio de escravos;
  • Tornaram-se muito importantes na região da Makuana;
  • Praticavam a religião islâmica;
  • Teoricamente encontravam-se subordinados aos portugueses, mas, na prática a, eram autónomos.

Entre eles destacam-se:
  • O Sultanato de Angoche e Sultanato de Moma;
  • O Xeicado de Sancul; o Xeicado de Quitangonha; o Xeicado de Sangage e Xeicado de Tungue.

O Sultanato da Angoche
Origem
Segundo Melto Machado, citado por Souto (1996:99), a História de Angoche pode dividir-se em três períodos:
  • Período do domínio nativo, anterior à chegada dos muçulmanos;
  • Período do domínio muçulmano que começa com a chegada dos árabes à costa de Moçambique e se estende ate à conquista e Angoche, em 1861, por João Bonifácio, chefe do estado militar de Maganja da Costa;
  • Período do domínio português, que começa com as campanhas de pacificacao e se estendem ate à derrota final de Angoche, no inicio do século XX.

Segundo a tradição “xiraz”, Quelimane e Ilha de Moçambique teriam sido fundados por refugiados de Quiloa (Mussa e Hassani), antes da chegada dos portugueses que fixaram respectivamente na Ilha de Moçambique e Quelimane.
Hassani morre durante a viagem e Mussa em visita ao túmulo de Hassane, reconheceu as potencialidades de Angoche (em termos de condicoes sócio-economicas e comercias do que Quelimane) como ponto estratégico do tráfico de escravos, por isso instalou Xisa, filho de Hassani como o primeiro sultão de Angoche.

Base Económica
Durante longos anos havia sido Sofala o entreposto que controlava todo o comércio com interior. Porem, com a fixação portuguesa neste ponto em 1505, esta perdeu a sua importância. Os Arabes Swahilli, em defesa do monopólio comercial de há anos, desviaram a rota do ouro com términos em Angoche donde continuaram a comerciar. Isto significa que Angoche adquiriu o lugar de entreposto comercial do ouro proveniente do Mwenemutapa.
O declínio do comércio em Sofala, em 1511, os portugueses atacaram sem sucesso Angoche, tendo prendido o Sultão e minar a influência, mesmo assim, os sultanatos mantiveram a sua hegemonia comercializando com Melinde, Mombaca, Quiloa e outras regiões, evitando o patrulhamento português.
Portanto, no século XIX, a principal actividade económica era o comércio de escravos, praticando-se em menor escala o comércio de marfim e do ouro. Angoche transformou-se num importante entreposto comercial quando a capita dos estados dos Mwenemutapa mudou para próximo do rio Zambeze e a abertura de rotas comerciais seguindo os rios Mazoe e Luenha.
Com o comércio de escravo o sultanato de Anoche recupera a sua importância transformando-se num grande centro exportador de escravos para Zanzibar, Comores e Ilha de Moçambique fugindo mesmo ao patrulhamento naval luso-britânico.

Organização política e social
A sociedade de Angoche era fundamentalmente patrilinear. Os filhos de Xosa e sua esposa macua Mwana Moapeta deram origem a quatro linhagens angocheanas: Inhanandare, Inhamilala, Mbilinzi e Inhaitide que recebiam colectivamente a designação de Inhapaco, clã matrilinear de Mwana Moapeta.

A linhagem dominante era inicialmente, a do Inhananare. Durante três gerações a sucessão do Sultanato seguiu o modelo patrilinear. A situação mudou quando sucção morreu sem deixar filhos varões.
Sucedeu-lhe a sua irmã Milidi casada com a linhagem Inhamilala. E por morte da sultana sem filhos descendentes, conduziu à guerra civil de sucessão que culminou com a evolução da linhagem Inhanandare de Angoche na segunda metade do século XVI e retantes linhagens patrilineares partilharam entre si os cargos.
Estes acontecimentos provocaram o declínio do comércio e enfraquecimento do poder politica de Angoche e facilitaram a dominação portuguesa que em fins do século VXI já dominavam a região.
O renascimento da hegemonia do sultão data do século XIX, período do incremento do tráfico de escravos destinados à Ilha de Moçambique, America, Comores e Zanzibar.
Em 1849 Hassan Issufo da linhagem Inhamilala usurpou o poder com o apoio dos portugueses e Mussa Mohamed Sahib conhecido por Mussa quanto tornou-se o comandante militar do Sultanato.
Em 1854 entrou em conflitos com Bonifacio da Silva (Mˋpasso) rei do Estado Militar da Maganja da Costa, que ambicionava Angoche. Este com o apoio dos portugueses, atacaram Angoche em 1861 e Mussa quanto foi obrigado a refugiar-se em Madagáscar onde se tornou sultão.
A partir de 1862, com o apoio da Magascar, Ilhas Mascarenhas e dos traficantes da Ilha de Moçambique, Mussa iniciou a reconquista de Angoche numa luta com carácter de “Jihade” (guerra santa) que duros 15 anos. Este começou por atacar os aliados dos portugueses (sangage, Sancul, Imbamela) e reinstala-se no poder em finais da 1864 ate 1877, altura da sua morte.

Aparato ideológico
A religião dominante era o Islao, que os angocheanos souberam utilizar para manter unida e coesa a sociedade de Angoche.

Decadência
São várias as causas que, associadas, explicam a decadência deste Sultanato:

Enfraquecimento político ocasionado pela morte do sultão, que não deixou um sucessor masculino;
  • As rivalidades internas e as lutas entre linhagens;
  • O declínio de comércio de escravos;
As campanhas de ocupação e de conquista levadas a cabo pelos portugueses a partir de 1885. Nestas campanhas, destacaram-se os sultões Ibrahimo, Farelay e Mussa Quanto, que ofereceram uma tenaz resistência à presença portuguesa. So em 1910 é que Angoche foi dominada pelos portugueses, face à política de pacificação.

Xeicado de Sancul
Origem
Foi formado no século XVI por imigrantes da ilha de Moçambique. A sua localização goza de uma favorável posição geográfica, entre Luambo e o Mogiccual (na Bia deMocambo), com números braços de mar de fácil acesso, permitindo-lhe grande intercâmbio comercial com o exterior.

Base económica: a principal actividade económica era o comércio de escravos.
Organização política e social: no Xeicado de Sancul, a sucessão do poder fazia-se por alternância de linhagens, para evitar conflitos entre estas. Tal situação trouxe uma certa estabilidade ao Xeicado, pelo menos ate ao século XIX.

Aparato ideológico: a religião dominante era o Islamismo.

Decadência
O Xeicado de Sancul manteve uma certa lealdade à coroa portuguesa, pelo menos ate 1753, altura em que o Xeique de Sancul é assassinado por um comandante português porque albergava escravos foragidos dos portugueses o que contrariava os interesses dos portugueses. A partir de então as relacoes entre os portugueses e Xeiques sucessores romperam-se, o que terá contribuído para a decadência do Xeicado no fim do século XIX e no princípio do século XX.
No século XIX, dirigentes de Sancul traficavam escravos e toda a tentativa de impedir o tráfico de escravos foi infrutífera pois os benefícios se estendem aos governantes portugueses, facto que conduziu aos conflitos entre os intervenientes.
A partir de 1877 verificaram-se mudanças movidas pelos conflitos que culminaram com a captura, em 1880 de Makusi Omar, capitão-mor de Sancul. Em substituicao de Omar, os portugueses nomearam Molid Vulai, em 1886, demonstrando a sua incapacidade de controlar o poder, os traficantes e de transformar Sancul num posto administrativo militar do capitão-mor.
A partir de 1885, Portugal levou a cabo campanhas de conquista e ocupação, em cumprimento das decisões da Conferencia de Berlim (ocupação efectiva), encontrando uma forte resistência dirigida por Suali Bin Ibrahimo, também chamado Marave, mas este foi obrigado a seguir a política moderada a partir de 1988.

Xeicado de Quitangonha
Origem
Tal como Sancul, este Xeicado foi formado no século XVI (1515 – 1585), por imigrantes da Ilha de Moçambique situava-se na Península de Matgibane, a norte da Ilha. Estes aliaram-se aos portugueses nos séculos XVI e XVIII o que contribuiu para a sua manutenção no tráfico marítimo.

A aliança ficou ameada a partir de 1755 coma chegada dos franceses em busca de escravos para as suas plantações. Com os lucros auferidos com os franceses, os dirigentes Xeicado impuseram-se a todas imposições dos portugueses.

Os objectivos dos dirigentes de Quitangonha eram o monopólio do trafico em toda a zona entre Nacala ate Conduzia entrando em choque com os restantes traficantes. O Xeique manteve sua hegemonia ate ao século XIX e independente dos portugueses, mantinham relações com as Ilhas Comores – 1831.
Mesmo com os decretos de 1836 e 1842, os Xeique decorreu entre 1903 – 1904 período da “ocupação electiva” portuguesa, tendo o Xeique Muhmud e suas forcas atacado Mossuril. Primeiro Xeique: Amade Abdulah, morto em 1884 (filho).

Base económica
A principal actividade económica era o comércio de escravos. A aristocracia de Quitangonha monopolizava toda actividade esclavagista na zona compreendida entre a Baia de Nacala e a de Conduzia, estendendo-se ate ao interior macua. Mantinha relações comerciais com Comores, Zanzibar e Madagáscar.

Organização política e social
A sociedade de Quitangonha era essencialmente matrilinear e a sucessão era hereditária.

Aparato ideológico

A religião dominante era o Islamismo, que garantia a unidade a coesão desta sociedade.

Decadência
Tal como os restantes reinos atrás referidos, Quitangonha mantinha relações amistosas com autoridades portuguesas, desde que estas não interferissem na sua estruturas económicas, política e ideológica. Quando foram impostos na região os decretos anti-esclavagistas de 1836 e 1842, os portugueses passaram a ser hostilizados pelas aristocracias de Quitangonha.

Quitangonha manteve a sua autonomia e resistiu à dominação portuguesa ate ao século XX. Nesta resistência destacou-se Muhamud Amade, que se opôs à penetração portuguesa.

Xeicado de Sangage
Origem
Desde a sua formação esteve ligado ou dependente do Sultanato de Angoche, estabeleceu a sua autonomia no primeiro quartel do século XIX na base de aliança com a administração portuguesa, com os dirigentes de Sancul e com comerciantes baneanes da Ilha de Moçambique provocando hostilidade entre Angoche e os portugueses.

Base económica
A principal actividade económica era o comércio de escravos. Graças ao apoio português contra os seus vizinhos de Sancul e Angoche, Sangage possuía uma certa independência e prosperidade no comércio de escravos.

Organização política e social
A sucessão dos Xeiques de Sangage era definida por via matrilinear, o que garantiu o estabelecimento de fortes laços económicos e de parentesco entre um número reduzido de famílias do Xeicado.
Aparato ideológico: a religião dominante era o Islamismo, que garantia a unidade e a coesão desta sociedade.

Decadência
No prosseguimento da sua campanha de conquista e ocupação, na primeira década do século XX, as terras do Xeicado foram ocupadas por portugueses e transformadas num regulado.
Em 1912 deu-se a ultima batalha dirigida por Xeique Mussa Phiri contra os portugueses, mas com o avanço da ocupacao colonial Mussa aliou-se a estes passando a cobrar tributos e participando na campanha colonial contra Farelah. Com a prisão dum dos seus sobrinhos, Mussa Phiri mais tarde mobilizou os seus homens e com o apoio dos chefes macuas de Mongucual e Mogovolas atacou sem sucesso aos portugueses. Mussa morreu no exílio no Timor e a região foi transformado num regulado português.
Conclusão
Chegado ao fim da pesquisa percebesse que, a partir do século X, os mercadores árabes que demandavam as costas de “Sofala” foram difundindo o islão entre as populações costeiras, mas foi apenas após a instalação em Zanzibar dum xeicado dependente do sultanato de Oman, no século XVII, que começaram a organizar-se pequenos estados de organização islâmica.
Na província de Nampula, no norte de Moçambique, formaram-se o “Xeicado de Quitangonha”, “Reino de Sancul”, “Xeicado de Sangage” e “Sultanato de Angoche”.
No período do tráfico de escravos estes reinos islamizados tomaram-se influentes na costa de Moçambique assegurando esse comércio, mesmo depois da sua abolição oficial. Entre eles destacamos: o Sultanato de Angoxe, o Xeicado de Sancul, Quitangonha e o Xeicado de Sangage.

Bibliografia
  • NHAPULO, Telesfero. História de 12ª Classe. Maputo plural editora, 2015.
 

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As viagens exploratórias

Introdução
Neste presente trabalho abordamos sobre as viagens exploratórias vamos falar de conferência de Berlim, seus antecedentes, suas causas, seus objectivos e suas principais decisões.
Durante milénios após o surgimento das primeiras comunidades, áfrica mantivesse livre de qualquer presença estrageira.
África encontrava-se organizada em chefaturas, reinos, estados e impérios de dimensões variadas. Existiam ainda territórios abitados por comunidades nómadas.
A fixação estrageira em áfrica inicio por volta do século VI quando chegaram os primeiros mercadores árabes que se fixaram na faixa oriental do continente. A partir desta altura os mercadores Árabes foram se fixaram ao longo da custa onde fundaram feitorias e entre postos comercias de onde faziam o seu comércio com os africanos troncando tecidos missangas artigo de loiça etc. por ouro, marfim, peles e outros 
No século XV, a expansão europeia no mundo levou a África os primeiros europeus, praticamente para custa oriental do continente. Desde esse período, e durante quatro séculos, os europeus foram se fixando ao longo da custa, dedicando-se ao comércio com as comunidades africanas, os europeus levavam da África ouro marfim e escravos em troca de armas bebidas e tecidos. 
     

As viagens exploratórias 
As viagens exploratórias ou de reconhecimento levadas acabo por missionários mercadores e os militares tinham como principais objectivos produzir o máximo de informação sobre o continente africano e, em particular, sobre as vias e condições de acesso ao interior do continente patrocinados por organizações científicas.
As principais organizações que patrocinaram as viagens exploratórias foram:
  • A associação africana: financio a viagem do Mungo Park, mas tarde foi transformada em sociedade real de Geografia (Roayal Geographica society) e enviou Spekee e Burton, ao longo Tanganica; 
  • A associação para descoberta dos países interiores de África: constituída por um pequeno grupo de ingleses ricos movidos por interesses científicos e humanitários; 
  • Associação internacional de Congo; que foi criada pelo rei belga Leopoldo II e envio Henry M. para explorar a baia de Congo. 
  • Sociedade missionaria metodista de Londres; que teve a missão de reconhecer o pacifico e a África ocidental, a qual envio para reconhecer a região o missionário David Livingstone entre outras.  
Conferência de Berlim
A disposta de Congo entre Bélgica e a Franca conduzi-o a partilha de África. Com enfeito, Leopoldo II da Bélgica interessado em criar uma colónia em África envia um missionário para explorar o curso superior de Congo. Ora paralelamente, desenvolvia se a empresa de Brazza nessa mesma região. Dai a um conflito de interesses entre dois países por outro lado a Alemanha pretendia criar um império colonial. Para isso aproveitou a questão de Congo e promove uma conferência internacional em Berlim.
Realizou-se em Berlim a 15 de Novembro de 1884 a 26 de Fevereiro de 1995 marcando a colaboração europeia na partilha e divisão territorial africano. 
O invento contou com participação de países como:
  • Alemanha
  • Áustria -  Hungria 
  • Bélgica 
  • Dinamarca 
  • Espanha 
  • Franca 
  • Portugal 
  • Países baixos 
  • Noruega 
  • Itália 
  • Grã-Bretanha 
  • Rússia 
  • Suécia 
Mas também do Imperio otomano e estados unidos.

Causas da conferência de Berlim
Sobre a conferência de Berlim, duas causas são fundamentais: 
  • Discutir a livre navegação e comércio nas principais bacias hidrográficas de África, destacando concretamente a bacia do Congo;
  •  Resolver os conflitos territoriais que envolviam as principais potências colonizadoras.
  • Objectivos da Conferencia 
  • A Liberdade de comércio na bacia e na embocadura do Congo; 
  • Adaptação e aplicação dos rios Níger e Congo e dos princípios da Conferência de Viena, no respeitante a liberdade de navegação em vários rios intercontinentais; 
  •  Estruturação de normas a serem observadas para que as ocupações nas costas de África fossem consideradas efectiva.
Principais decisões tomadas na conferência de Berlim  
  • O comércio de todas as nações gozará de completa liberdade: 1º Em todos os territórios que constituem a Bacia do Congo e de seus afluentes.
  • Em conformidade com os princípios dos direitos dos indivíduos tal como eles são reconhecidos pelas Potências signatárias, estando proibido o tráfico dos escravos, e devendo igualmente as operações que, por mar ou por terra, forneçam escravos para o tráfico ser consideradas como proibidas, as Potências que exercem ou que vierem a exercer direitos de soberania ou uma influência nos territórios que formam a bacia convencional do Congo, declaram que esses territórios não poderão servir nem de mercado nem de via de trânsito para o tráfico dos escravos de qualquer raça. Cada uma das Potências se compromete a empregar todos os meios disponíveis para pôr fim a esse comércio e para punir aqueles que dele se ocupam. 
  • A navegação do Congo, sem excepção de qualquer das ramificações saídas desse rio, é e permanecerá inteiramente livre para os navios comerciais, com carregamentos ou não, de todas as nações, tanto para o transporte das mercadorias como para o de passageiros.
  • A Potência que de agora em diante tomar posse de um território nas costas do continente africano situado fora de suas possessões actuais, ou que, não os tendo tido até então, vier a adquirir algum, e no mesmo caso a Potência que aí assumir um protectorado, fará acompanhar a Acta respectiva de uma notificação dirigida às outras Potências signatárias da presente Ata, a fim de lhes dar os meios de fazer valer, se for oportuno, suas reclamações. 
  • As Potências signatária reconhecem a obrigação de assegurar, nos territórios ocupados por elas, nas costas do Continente africano, a existência de uma autoridade capaz de fazer respeitar os direitos adquiridos e, eventualmente, a liberdade do comércio e do trânsito nas condições em que for estipulada
Conclusão 
Neste trabalho concluímos que na Conferência de Berlim, os direitos do povo africano e as suas reivindicações, as suas fronteiras, o seu governo, a sua cultura, a sua identidade foram totalmente ignorados. A partilha de África pelos vários países europeus foi confirmada, tomando em consideração o respeito que deveria ser observado em relação às zonas de influência de cada potência. É exactamente isso que explica em grande medida o facto de Portugal ter conseguido, após a realização da conferência, a conservação para si dos territórios de Moçambique, Angola, etc. Não é totalmente correcto afirmar que as fronteiras das colónias africanas foram decididas em Berlim; a sua delimitação começou muito antes e foi prosseguida depois através de acordos internacionais bilaterais ou multilaterais, e em alguns casos com recurso a métodos violentos. A partilha de África, aquela que passou a vigorar nos mapas, não se fez verdadeiramente em Berlim. Ela principiara já, e prosseguiu depois. O que se tentou fazer em Berlim, foi obter um acordo de princípios entre as diversas potências concorrentes. 


Bibliografia 
  • História de Moçambique - 12ª Classe (MozAprende.blogspot.com)-1 (1). Pag; 104 há 105 (4.2.1 e 4.2.3); 
  • História - 12ª PDF (Plural editores);
  • Escola virtual.


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Vaga de Emprego - Assistente Comercial

Vaga de Emprego para Assistente Comercial 
A VIA Mozambique, lda pretende recrutar para o seu cliente baseado em Maputo um (1) Assistente Comercial (m/f). 
 
Funções
  • Realizar tarefas administrativas do dia a dia para garantir funcionalidade e coordenação das atividades do departamento;
  • Cooperar com os executivos de marketing na organização de diferentes projetos;
  • Realizar pesquisas de mercado e analisar relatórios/questionários de classificação do consumidor;
  • Empregar técnicas de análise de marketing para coletar dados importantes (mídias sociais, classificações etc.);
  • Atualizar planilhas, bancos de dados e inventários com informações estatísticas, financeiras e não financeiras;
  • Auxiliar na organização de eventos promocionais e campanhas tradicionais ou digitais e participar deles para promover seu sucesso;
  • Preparar e fazer apresentações promocionais;
  • Redigir e publicar conteúdo on-line no site da empresa e nas contas de mídia social;
  • Redigir literatura de marketing (folhetos, comunicados à imprensa etc.) para aumentar a presença da empresa no mercado;
  • Comunicar-se diretamente com os clientes e incentivar relacionamentos de confiança.
Requisitos
  • Experiência comprovada como assistente de marketing;
  • Boa compreensão dos princípios de gestão administrativa e de marketing;
  • Capacidade demonstrável de realizar várias tarefas e cumprir prazos;
  • Boa organização, com uma abordagem orientada para o cliente;
  • Bons conhecimentos de técnicas de pesquisa de mercado e bancos de dados;
  • Excelente conhecimento do MS Office, de softwares de marketing e de aplicativos on-line (ferramentas de CRM, análise on-line).
Nota: Apenas os candidatos pré -selecionados serão contactados.
Exigências
  • Carta de Candidatura;
  • Curriculum Vitae.
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Congresso da FRELIMO

Congresso da FRELIMO 

De 23 a 28 de Setembro de 1962, realizou-se em Dar-es-Salam, Tanzânia, o 1º congresso da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). 
A sessão de abertura desta importante assembleia foi honrada pela presença de suas excelências os senhores Rashiri Kawawa então Primeiro-ministro da Tanzânia, o Oscar Kamhona Ministro da Tanzânia, o Oscar Kamhona Ministro do negócios estrangeiros e da Defesa nacional. 
Estas duas eminentes personalidades da Governo da Tanzânia saudaram o congresso em mensagens calorosas e reafirmaram a simpatia e a solidariedade totais do povo moçambicano. 
Durante 6 dias, moçambicanos de todas as regiões do osso país analisaram a situação de Moçambique, estudaram os problemas que se podem ao país definiram os principais métodos que permitam conduzir vitoriosamente a Luta de libertação Nacional. 

A importância do 1º Congresso da FRELIMO foi sublinhada ainda pelo facto de ele ter sido também o congresso da unidade. Com o efeito para o povo de Moçambique a unidade constitui uma exigência fundamental. E foi a expressão dos militares das diferentes organizações que exigiam então que a frente se realizou. 
Assim o congresso que realizou em Setembro de 1962, 3 meses depois a decisão tomada pelas três organizações nacionalistas de criar a frente, teve como objectivo a legalização da nova situação criada e a definição concreta do programa da FRELIMO.

Decisões tomadas 
  • O congresso reafirmou a decisão inquebrantável do povo moçambicano de prosseguir com o combate até a liquidação completa do colonialismo português até a independência nacional; 
  • O congresso elaborou a linha geral da política da FRELIMO tanto no plano interior, como no plano exterior e definitivos objectivos imediatos, assim como os métodos de acção a utilizar para atingir esses objectivos; 
  • O congresso proclamou a necessidade do estabelecimento de laços estreitos entre a FRELIMO e todas as forças anti colonialistas do mundo. Mas especificamente o congresso da FRELIMO considerou que era necessário estabelecer laços com países vizinhos de Moçambique que encontram também empenhados na luta libertadora. 
Após ter examinado as necessidades actuais da luta contra o colonialismo português em Moçambique, declara a sua firme determinação de promover a organização eficaz do combate do povo moçambicano pela libertação nacional e adapta as seguintes meditas para que o comité central da FRELIMO, ponha imediatamente em execução. 
  1. Desenvolvimento e conservação da estrutura da organização da FRELIMO
  2. Desenvolvimento da unidade entre os Moçambicanos; 
  3. Utilização máxima das energias e faculdades de cada um e de todos os membros da FRELIMO
  4. Promover a formação acelerada de quadros; 
  5. Empregar todos os esforços para promover o acesso rápido de Moçambique a independência;
  6. Promover, por todos os meios o desenvolvimento social e cultural da mulher moçambicana; 
  7. Promover desde já a alfabetização do povo moçambicano; criando escolas onde for possível; 
  8. Tomar as medidas necessárias a fim de prover as necessidades dos órgãos dos diferentes escalões da FRELIMO;
  9. Encorajar e apoiar e formação e consolidação das organizações sindicais de estudantes da juventude e de mulheres; 
  10. Cooperação com as organizações nacionalistas das outras com nomes portuguesas;
  11. Cooperação com organizações nacionalistas africanas; 
  12. Cooperação com os movimentos nacionalistas de todos os países; 
  13. Obtenção de fundos junto das organizações que simpatizam com a causa do povo de Moçambique fazendo apelos públicos; 
  14. Obtenção de meios para a autodefesa e para manter e para desenvolver a resistência do povo moçambicano; 
  15. Propaganda permanente por todos os meios a fim de mobilizar a opinião púbica mundial em favor da causa do povo moçambicano; 
  16. Diligências junto de todos os países a fim de realizar campanhas e manifestações públicas de protestos contra as atrocidades cometidas pela administração colónias portuguesa assim param a libertação imediata de todos os nacionalistas que se encontram nas prisões colonialistas portuguesas. 
  17. Obtenção da ajuda diplomática moral e material para a causa do povo moçambicano junto dos estado africanos e de todos estados amantes da libertação.

Os que mais se destacaram forma:
  • Eduardo Chivambo Mondlane – O Primeiro Presidente da FRELIMO
  • Marcelino dos Santos – Vice-presidente da FRELIMO
  • Samora Moisés Machel – Presidente da FRELIMO

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Biografia de GERHARD JULIUS LIESEGANG

BIOGRAFIA:

 
  
GERHARD JULIUS LIESEGANG, nascido a 2 de Outubro de 1940 na Alemanha. 

Gerhard iniciou os seus estudos na Alemanha que depois de passar um tempo fez um pedido de bolsa de estudo para ir a Londres. As Universidades onde Gerhard completou os seus estudos são as de Colónia, desta feita realizou seu doutorado na Universidade de Colónia, em 1964 a 1966 realizou um trabalho arquivístico em Londres e Lisboa que o levou a um trabalho de campo em Moçambique em 1969 a 1971. 
Tornou-se docente de história de África e Moçambique a partir de 1977 na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) em Moçambique. 

Em 1980 a 1986 foi pesquisador do arquivo histórico de Moçambique (especialmente em Gaza, Inhambane, Niassa e Nampula). Foi também director Adjunto de investigação e Extensão e também professor auxiliar da UEM. 

Gerhard Julius Liesegang, vivia com os pais e irmãos, ele era muito chegado a família. A avó de Gerhard Julius Liesegang veio de uma família de técnicos onde o pai dela tinha sido um dos primeiros mestres de electricidade da Alemanha, seguindo a sua trajectória foi secretaria em Londres e Paris, onde ela tinha se casado com o seu esposo (Avó de GERHARD JULIUS LIESEGANG). 

A mãe Gerhard Julius Liesegang, era muito mais a esquerda do que marido (pai de Gerhard Julius Liesegang), que veio de uma família conservadora. 
Gerhard Julius Liesegang, veio de uma família que porventura não tinham boas condições, ele sonhava em ser engenheiro de minas e mais tarde depois de ter participado de uma palestra que um Arqueólogo e Director do Museu Etnográfico tinha dado na cidade de Krefeld desistiu do seu sonho de ser engenheiro de minas e queria ser um arquitecto, mas por causa da dúvida que ele tinha pela incapacidade de negociação teve que também desistir desse sonho. 

A maior parte do seu conhecimento adquirir através da leitura e também com sociólogos em colónia, foi a partir daí que ele se interessou em estudar alguns estados em África. Uns dos Autores os quais ele lia os livros são: Malinowski, Isaac Schapera, entre outros. Contribui na obra “História de Moçambique”, Gerhard Julius Liesegang é considerado como sendo o historiador de Ngungunhane por ter estudado exclusivamente o estado de Gaza, é também considerado como sendo maior historiador de Moçambique. 
Gerhard Julius Liesegang fez um grande trajecto onde veio a morrer em Moçambique na província de Maputo no dia 18 de Maio de 2021 com 81 anos de idade.   

Bibliografia
Fundação de Getúlio Vargas (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil); LIESEGANG, Gerhard Julius Liesegang (Depoimento, 2008) Rio de Janeiro CPDOC/FGV;LAU/IFCS/UFRJ;ISCTE/IUL,2010.17p
CartaMZ.com; CPDOC.FGV.BR           

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