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Introdução O presente tópico aborda um tema bastante importante, tema este que diz respeito a sociedade anónima, onde veremos que uma Socied...

Racionalismo

Introdução
O acto de questionar acerca do conhecimento é quase tão antigo como a própria Filosofia. Já Platão e Aristóteles dedicaram grande parte da sua reflexão ás questões do conhecimento, mas só na época moderna, nos séculos XVII e XVIII, que filósofos como Decartes, Jonh Locke, David Hume e Kant elegeram a teoria do conhecimento ou gnosiológica como uma das áreas fundamentais da Filosofia.
No que toca, especificamente, à origem do conhecimento surgem perguntas como: “Qual é, realmente, a origem do conhecimento?”, “Será que o conhecimento provém unicamente da experiência?”, “Será que o conhecimento tem origem na razão?”, “Ou provirá de ambas as fontes, mas com diferentes graus de verdade?”.
Numa tentativa de responder a essas perguntas surgiram duas correntes filosóficas – o empirismo e o racionalismo - este último será o tema deste trabalho.

O Racionalismo
O racionalismo considera a razão a fonte principal e verdadeira do conhecimento. O conhecimento seguro é aquele que se encontra através da razão independentemente da experiência sensível.
Este conhecimento é logicamente necessário, porque apenas pode ser interpretado de uma única forma, caso contrário estaríamos em contradição. É também universalmente válido pois o seu valor é constante em todo o lado para toda a Humanidade.
Este tipo de conhecimento é dado pela ciência formal, Matemática, que nos obriga à sua aceitação com risco de entrar em contradição lógica.
Os racionalistas consideram a existência do conhecimento empírico - aquele que depende da experiência – mas este não pode ser considerado verdadeiro pois não se concilia com a necessidade racional.
A doutrina oposta ao empirismo é o racionalismo, que baseia a origem do conhecimento da razão. Esta doutrina também admite varias matrizes, apresentadas seguidamente.
Para o racionalismo a razão é a fonte principal do conhecimento. O conhecimento sensível é considerado enganador. Por isso, as representações da razão são as mais certas, e as únicas que podem conduzir ao  conhecimento logicamente necessário e universalmente válido.  A razão é capaz de conhecer a estrutura da realidade a partir de princípios puros da própria razão. A ordenação lógica do mundo permite compreender a sua estrutura de forma dedutiva. O racionalismo segue, neste aspecto, o modelo matemático de dedução a partir de um reduzido número de axiomas.
Os racionalistas partem do princípio que o sujeito cognoscente é activo e, ao criar uma representação de qualquer objecto real, está a submete-lo às suas estruturas ideias.
Entre os filósofos que assumiram uma perspectiva racionalista do conhecimento, destacam-se Platão,  René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632 -1677) e Platão,  René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632 -1677) e Platão,  René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632 -1677) e Leibniz (1646-1716), partem do princípio que possuímos  ideias inatas e que é a realidade é uma construção da razão.

Descarte é considerado o fundador do racionalismo moderno. As fases da sua filosofia podem ser resumidas da seguinte maneira:
  • Objectivo: atingir verdades indiscutíveis, deduzidas logicamente, a partir de uma evidência irrefutável.
  • Dúvida Metódica: Para atingir um conhecimento absoluto, tem que eliminar tudo o que seja susceptível de dúvida. Nesse sentido, começa por suspender todos os conhecimentos susceptíveis de serem postos em causa. Descobre que todos os dados dos sentidos o podem enganar.
  • Primeira Evidência: Ao pôr tudo em dúvida, e enquanto o faz, descobre que a única coisa que resiste à própria dúvida é a razão. Esta seria a primeira verdade absoluta da filosofia. "Eu penso, logo existo" (cogito).
  • Ideias inatas: Descobre ainda que possuímos ideias, como a ideia de perfeição, que se impõem à razão como verdadeiras, mas que não derivam da experiência, nem foram por nós criadas. Atribui a sua criação a Deus (prova da existência de Deus).   
  • Deus garantia da verdade: Sendo a bondade um dos atributos de Deus, certamente que Ele não nos engana, logo as ideias inatas são verdadeiras. Deus é assim, a garantia da possibilidade do acesso à verdade. 


Dualismo – Deduz uma divisão nas coisas:
Aquilo cuja existência se revelou irrefutável, corresponde à res cogitans, isto é, à razão ("pensamento", "espírito", "alma" ou "entendimento"). Apresenta-se como inextensa e livre.
Aquilo cuja existência e determinação levanta dúvidas, corresponde à res extensa, isto é, ao mundo exterior (corpos físicos). Os corpos são determinadas pela sua extensão, movimento, forma, tamanho, quantidade, lugar e tempo. O mundo fisico é assim des-espiritualizado, pois está submetido às leis da física, mecânicas.
Dedução – Só com base nestas ideias claras e distintas, segundo Descartes, se poderia construir por dedução um conhecimento universal e necessário.

Platonismo
Para Platão, as ideias são imitações ou sombras dos arquétipos (modelos ou essências) do mundo das ideias, mundo puramente inteligível constituído por realidades abstractas e universais que a alma vai recordando (teoria de reminiscência).
Segundo Platão, a alma racional viveria no mundo das ideias em plenitude de conhecimento. Depois foi encerrada no corpo e a matéria obscureceu todas as ideias, as quais só podem ser despertadas através dos sentidos. Quando o Homem nasce, já traz consigo as ideias.

Platonismo Agostiniano
Santo Agostinho parte da filosofia platónica e explica a origem das ideias das seguinte maneira: as ideias são expressas pela inteligência como provindo de si mesma e não elaboradas, como dados recebidos através dos sentidos. Como surgem, então, as ideias? Santo Agostinho fala de uma iluminação divina, que seria, juntamente com a inteligência, causa da geração das ideias.

Inatismo
Descarte foi o expoente máximo do racionalismo, dada sua crença inabalável no poder da razão. Para Descartes existem vários tipos de ideias: as ideias adventícias, provindas da experiencia, as ideias factícias, resultantes das adventícias( por exemplo, a ideia de seria), e, por ultimo, as ideias inatas, as que são co-naturais a própria inteligência , que provem da razão e, por isso, não estão sujeitas a erro. Todos os nossos conhecimentos seriam, por conseguinte, formados a partir dessas ideias inatas, únicas e infalíveis.
Leibnitz, outro grande filósofo alemão do século XVIII, admite um inatismo virtual: as ideias inatas existem no nosso espírito como percepções inconscientes que se vão consciencializando progressivamente através da experiência.

Racionalismo dogmático de Descartes
Os problemas do conhecimento ocupam um lugar central na filosofia de Descartes, na qual este tenta rebater o ceticismo. A crença de que é possível conhecer e encontrar uma verdade inquestionável é um princípio base da sua reflexão, tendo-se suportado no exemplo matemático para apresentar o seu modelo de conhecimento.
Descartes poderia ter aceitado a definição de conhecimento como crença verdadeira justificada, mas, para ele, uma vez que o modelo de conhecimento é o matemático, a crença, para ser considerada conhecimento, tem de ser absolutamente certa e resistir a qualquer dúvida.
Descartes foi um filósofo racionalista, uma vez que se considerava a razão a fonte principal do conhecimento verdadeiro e que só aceita o conhecimento a priori. Assim, atribuindo um grande valor á razão, Descartes procurou também os fundamentos metafisico do conhecimento. Só encontrando esses fundamentos e que era possível superar os argumentos dos célticos, para os quais o conhecimento não é possível.

Método
O método utilizado no racionalismo dogmático é inspirado na matemática, uma vez que as suas proposições têm uma origem exclusivamente racional.
As quatro regras que integram o método são:
  • A evidência, nunca aceitar qualquer coisa como totalmente verdadeira.
  • A análise, simplificar cada problema para que fosse possível uma mais fácil resolução.
  • A síntese, estabelecer uma ordem crescente de complexidade, permitindo alcançar o conhecimento mais complexo
  • A enumeração, revisão geral e completa para a certificação de que nada era omitido.

Estas regras permitirão guiar a razão orientando devidamente as operações fundamentais do espírito:
A intuição, apreensão directa e imediata de noções simples, evidentes e indubitáveis.
A dedução, encadeamento das intuições, para que através dos princípios evidentes se pudesse cegar a consequências necessárias.

Dúvida
A dúvida é um momento fundamental, no método. Através dela, rejeitaremos tudo aquilo que levantar a mínima suspeita de incerteza, excepto as verdades ligadas à fé e ao sobrenatural, que não estão sujeitas a esta.
A dúvida é posta ao serviço da verdade, no processo de procura dos princípios fundamentais e indubitáveis.
A dúvida é justificada por:
  • Preconceitos e juízos precipitados formulados na infância.
  • O carácter enganador dos sentidos.
  • Não existir um critério que permite distinguir o sonho da vigília.
  • A possibilidade de erro na formulação das demonstrações matemáticas.
  • A existência de um deus enganar ou um génio maligno que nos engana no que toca a verdade, levando a que estejamos sempre enganado a respeito das verdades, das demonstrações matemática e da existência das coisas. 

Assim, a dúvida é uma suspensão do juízo e tem uma função catártica, pois liberta-nos dos erros que perturbam o processo de busca da verdade. Sendo um exercício voluntário permite a eliminação de preconceitos e opiniões erradas. É fulcral para a obtenção de princípios evidentes e universais.

Cogito
Sendo um acto livre, a dúvida leva-nos a uma verdade incontestável, a afirmação da minha existência, enquanto for um ser que pensa e dúvida não deixo de existir.
A afirmação, “Penso, logo existo”, obtida por intuição, tem uma certeza inabalável, é deste modo, o paradigma de todas as afirmações verdadeiras.
A verdade consiste na evidência, isto é, na clareza e distinção das ideias. Um conhecimento é evidente quando as ideias são conhecidas por todas e estão separadas umas em relação às outras.
A detenção intuitiva da existência mostra-nos como esta é inseparável do próprio pensamento. A natureza do sujeito é o pensamento.
O pensamento é toda a actividade consciente e é equivalente à alma, que é conhecida antes de tudo e de uma forma bastante simples.


Conclusão
Fim do trabalho, após uma profunda investigação e discussão de dados, pôde concluir-se que para o racionalismo a razão é a fonte principal do conhecimento. O conhecimento sensível é considerado enganador. Por isso, as representações da razão são as mais certas, e as únicas que podem conduzir ao  conhecimento logicamente necessário e universalmente válido.
A razão é capaz de conhecer a estrutura da realidade a partir de princípios puros da própria razão. A ordenação lógica do mundo permite compreender a sua estrutura de forma dedutiva. O racionalismo segue, neste aspecto, o modelo matemático de dedução a partir de um reduzido número de axiomas.

Bibliografia
  • CHAMBISSE, Ernesto, et all, emergência do filosofar, 1ª ed. 5ª tiragem, textos editores. Maputo 2010
  • MARQUES, António e ribeiro dos santos Leonel. Filosofia I. 10º de escolaridade 3ª ed, a regra do jogo Lisboa 1980.
  • MORRÃO, A. e Garrão. M., filosofia epistemológica, 11º ano, Lisboa, 1982.
  • BIRIATE, Manuel Mussa, GEQUE, Eduardo R. G., Pré-Universitário – Filosofia 11, Pearson Moçambique Limitada, Maputo – Moçambique, 1ª edição, 2014