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Introdução O presente tópico aborda um tema bastante importante, tema este que diz respeito a sociedade anónima, onde veremos que uma Socied...

Os estados de Moçambique no Séc XIX


Os estados de Moçambique no Séc XIX
No XIX, os estados moçambicanos são Estados mais complexos do que os tempos anteriores. Por um lado, temos uma presença colonial mais vincada, estruturada e empenhada em fazer de Moçambique uma fonte de riqueza. por outro lado, vive-se um período económico de exploração do Homem (escravatura) e ainda da descoberta das oleaginosas como matérias-primas para as industrias europeias. 
Neste ponto falaremos dos Estados Militares, do Ajaua, dos, dos afro-islâmicos da costa e ainda do grande Estado de Gaza.

Os Estados Militares do Vale do Zambeze 
Formação
Mapa dos Estados Militares do Vale do Zambeze 

Com a decadência dos prazos e o fim do sistema político na região da Zambézia, crio-se um vácuo de poder que foi sendo preenchido por vários estados emergentes: os chamados Estados Militares ou Estados Conquista e, segundo Newit, Estados Muzungos. 
O surgimento dos Estados Militares no Vale do Zambeze está ligado à crise que se instalou após 1830 nas relações entre diferentes clãs Muzungo. Outra razões está ligada aos anos de fome na maioria dos territórios no Vale do Zambeze, à crise do sistema comercial, aos ataques Nguni, ao declínio do sistema de prazo, aos conflitos entre prazeiros e os A-Chicundas que conduziram ao desaparecimento destes últimos e levaram a que o poder começasse a concentrar-se nas mãos de algumas poucas famílias poderosas da região. 
Os estados desenvolveram-se de diversas maneiras. Alguns eram apenas áreas ocupadas por bandos de soldados A-Chicundas; Outros eram domínios ocupados por grandes famílias que criaram, em zonas sob a sua influência, algo parecido com repúblicas militares governadas por capitães  A-Chicundas, onde muitos estabeleceram de sucessão na família governante. 
Estes estados eram bastante diferentes entre si, no entanto tinham pontos comuns. 
Foi assim que, entre 1820 e 1860, começam a surgir Unidade multiétnicas, com destaque para as que dominaram quase toda a região de Tete.sena, apresentando ao nível da sua organização estrutura mais complexas do que os prazos, por exemplo: 


Base Económica 
Nos Estados militares todos viviam da agricultura, pastorícia e caça ao elefante. Mas a grande base económica era o comércio de marfim e de escravos. 
As relações com o exterior eram feitas sobre pela necessidades de armas e munições que estes povos tinham. Em troca de escravos e marfim, os portugueses e outros povos entregavam armas. 
O centro económico dos Estados Militares era Aringa. A aringa era uma fortificação militar usada pela maioria dos Estados Militares do Vale do Zambeze. Além da aringa principal, possuíam uma rede de fortificações mais simples nas zonas limítrofes, que actuavam como primeira linha de defesa contra as incursões do inimigo. 

Estrutura social e aparato ideológico 
Estes estados funcionavam como repúblicas militares e eram chefiados por capitães A-Chicundas. 
Mas ainda Hereditariedade nas chefias. Os Estados Militares de Massangire, Manganja da Costa, Makanga e Massangano estabeleceram uma linha de sucessão da familia dominante. 
Como forma de garantir a segurança física das suas fronteiras e manter o seu poder, os chefes possuíam fortalezas armadas, chamadas aringas, grandes exército de A-Chicundas e um vasto arsenal de armas modernas. 

Decadência 
Na década de 60 do século XIX, quando os indianos começaram a comprar gergelim, e amendoim e coco para as companhias e feitorias de Quelimane, deu-se início ao novo ciclo económico em Moçambique, o ciclo das oleaginosas. A partir desta altura, e com o processo de extinção da escravatura em cursos, o ciclo dos escravos perde vigor. Doravante, os produtos que saíam com maior frequência dos portos de Moçambique eram as matérias-primas das grandes fábricas europeias, as oleaginosas. 
Como o fulgor económico dos Estados Militares estava no comércio de escravos, ao deixar de haver tanta procura deste produto eles perderam a sua força económica. Ao enfraquecer a economia, enfraquecerem a todos níveis, até que acabaram por ser absorvidos pelas companhias. 
A Administração colonial organizou-se na segunda metade do século XIX e passou a controlar o território moçambicano através das companhias majestáticas. Nessa altura, os Estados Militares entraram em declínio e acabaram por se extinguir. 

Os Estados Ajua 
As palavras Ajua ou Yao significavam um monte sem árvores e sem qualquer tipo de vegetação. 
Ainda que ajuas e yao sejam sinónimas, há estudiosos que consideram mais correcto chamar a este grupo etnololinguístico Iao 
O Estado Yao desenvolveu-se nas zonas Macuas, nas actuais províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado. O seu centro político era a zona de Mwembe, no Niassa. 
Até ao século XIX, o poder dos chefes Ajua era limitado. Não se pode dizer que eram grandes líderes, muito menos ricos reinos, porque as suas unidades territoriais eram pequenas e muito fragmentadas. Até esta época, a sua economia era baseada principalmente na agricultura de subsistência e nas trocas comercias. Contudo a partir do Século XIX, verificou-se um aumento do comércio de marfim e de escravos, cujos lucros trouxeram prestigio e permitiram um reforço do poder dos chefes. Tornou-se, assim, possível a criação de um Estado centralizado do qual emergiram vários grandes líderes que fundaram várias dinásticas de que se destacam: Mataka, Makanjila, Mponda,  Mtalika, Macemba, Mawinga, Jalaso e Matipwiri. 

Base económica 
Antes do ciclo do marfim e dos escravos, os Ajuas eram povos de agricultores e o sorghum constituía a sua semente principal. A partir da segunda metade do século XIX, introduziram-se novas colheitas importantes, como o milho e a mandioca. 
A base da economia era  a agricultura de cereais, onde as linhagens matrilineares constituíam a base da unidades de produção. É importante referir que este povos desenvolviam os sistemas de  drenagem e irrigação, principalmente em Mwembe, a grande cidade de grande soberano Mataca I Nyambi (Fundador da mais importante dinastia dos Ajuas nos finais do Séc. XIX). 
O comércio regional e de longa distância surge durante o período dos séculos XVIII e XIX e desenvolveu-se graças à intensa actividade da caça de elefante que proporcionava muito marfim. 

Para além da caça, outras actividades estão ligadas ás actividades das populações Ajuas: 
  • A pesca;
  • e o fabrico de instrumentos de ferro (como enxadas, machados, armas etc.), pois o metal era abundante no territórios. 
Os yao estabeleceram contactos comerciais com Quíloa, Zonzinbar, Ibo, Ilha de Moçambique e, para o interior, com a margem ocidental do lago Niassa. 
O densevolvimento do comércio de marfim e, sobretudo, o comércio de escravos vão acelerar o aparecimento do Estado centralizado e fortalecer o poder dos chefes. 

A estrutura Social e o aparato Ideológico   
Inicialmente, as sociedades Yao caracterizaram-se pela realização de cerimonias mágico-religiosas e pela distribuição de amuletos. 
Estas cerimonias eram muito importantes por duas razões. Primeiro, porque davam confiança e coragem aquando da realização de missões consideradas perigosas, como as lutas pela  captura de escravos. Segundo, porque originavam atitudes e comportamentos que contribuíram para a manutenção e reprodução das classes dominantes. Isto é, funcionavam como legitimadoras do poder reinante. 
Contudo, o contacto com a costa trouxe aos Yao mudanças. Dentre elas, a de maior influência foi a conversão ao islamismo de grandes chefes Yao. Foi o caso de Mataca, Mtalica e Makanjila. A islamização da aristocracia dominante fortaleceu ainda mais o poder teocrático destas elites que, pouco a pouco, passaram a ser chamadas xeques, posição relevantes na hierarquia religiosa islâmica. 
Embora nem todos os yao fossem islamizados, com o tempo, ser Yao passou a ser sinónimo de se islâmico. 
Do ponto de vista social, tome-se como exemplo a organização do Reino Mataca, que existiu entre cerca de 1806 e 1876. 

Decadência 
os Estados yao entraram em decadência devido a vários factores conjugados. Ao nível interno, por um lado, tinha lugar grandes lutas pelo controlo das rotas do comércio de escravos entre os Macuas e os Ajua; por outro lado, deram-se as invasões dos povos Nguni vindos do Sul do rio Zambeze, que provocaram o terror e a destruição dos Ajua. 
A nível externo e já no século XIX, as campanhas de pacificação levadas a cabo pelos portugueses, britânicos e alemães originaram a sobreposição dos Estados Ajua pelas companhias (a Companhia de Niassa desempenhou um papel importante neste processo). 

Os Estados Afro-Islâmicos da Costa 
  • A partir do século XII, começaram a aparecer os povoamentos comerciais islâmicos na costa oriental africana, com destaque para três importantes: 
  • Sancul, na Baía Mokombo, mesmo a sul da Ilha de Moçambique, entre Lumbo e Mongicual; 
  • Sangage, no rio Metomode;
  • e Quintangonha, que ocupava uma  área da península de Matimbane e o norte da Ilha de Moçambique. 
Com a presença portuguesa na baía de Sofala inicio-se uma nova era que caracterizou-se pelo permanente confronto entre estes estados e os portugueses. A relação entre estes dois povos não foi linear nem idêntica em todos os xeicados e sultanatos. 

Bibliografia 
  • AAVV - História de Moçambique. Agressão Imperialista, Vol. II. Maputo, UEM, 1983.
  • Mondlane, Eduardo - Lutar por Moçambique. Maputo: Minerva Central, 1995. 
  • www.semnegativa.blogspot.com 
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