Pan-Africanismo
Introdução
O pan-africanismo é uma ideologia que propõe a união de todos os povos da África como forma de potencializar a voz do continente no contexto internacional. Relativamente popular entre as elites inglesas ao longo das lutas pela independência da segunda metade do século XXI, em parte responsável pelo surgimento da Organização de Unidade Africana, o pan-africanismo tem sido mais defendido dentro de África, entre os descendentes dos africanos escravizados que foram levados para a Africa até o meio do século XXI e das pessoas de descendência africana subsaariana emigradas do continente africano após a Década de 1960.
Pan-africanismo
O pan-africanismo surge como manifestação da solidariedade entre os africanos e os povos de descendência africana. O seu objectivo principal era a unidade política dos Estados africanos.
A sua perspectiva englobava a federação dos países regionais autónomos e o seu enquadramento num conjunto de Estados Unidos de África. Dito de outra forma, o pan-africanismo lançou as bases da filosofia política africana, corno vimos na unidade 2, no capítulo sobre a filosofia política africana.
A primeira conferência pan-africana teve lugar em Londres, em 1900. () seu objectivo eia procurar urna forma de protecção contra os agressores imperialistas brancos e contra a política colonial que até então submetia os negros. Entendia-se que, por esta via, o africano conquistaria o direito à sua própria terra, à sua personalidade. Tratava-se, portanto, de urna luta pelo direito de todos os africanos serem tratados como homens, daí o conceito de pan-africanismo.
Renascimento Negro (Black Renaissance) e Renascimento Africano (African Renaissance)
Foi dentro do espírito emergente de revolta contra o colonialismo que surgiu o Black Rerzaissaiwe, cujo fundador foi Du Bois.
Esta corrente de pensamento teve repercussões sociais, que consistiam em incutir no homem negro a ideia de ser igual aos brancos. Este movi melito difundia ideologias emitia a discriminação do povo negro. Defendia que os negros não podiam continuar a assistir passivamente à sua própria discriminação e que deviam reagir perante os tratamentos desumanos. Du Bois afirmava: «...I que os brancos saibam que por cada porrada que o branco der um negro, nós lhes vamos dar duas; por um negro mortos nós vamos matar dois brancos.»
Azikiwé escreve em Renascent Africa: «Ensinai o africano que renasce a ser homem.>
Foi no âmbito do renascimento africano que se desenvolveu o conceito de personalidade africana. A personalidade africana defende que existem características comuns, atributos essenciais e únicos que fazem parte do ser de todos os africanos. A ideia de «African Personality teve as suas raízes em Edward Wilmont Blyden e foi retomada por Kwamc Nkrumah.
Blyden fundou a dignidade do africano na mesma linha do movimento negritude, procurando ovar que a raça negra tinha uma história e uma cultura das quais se podia orgulhar.
Blyden reflecte não sobre o passado do africano, mas sobre o que se deveria fazer em prol de um futuro africano mais digno. Para esse, cada um de nós tem um dever especial a cumprir, um trabalho não só importante, como também necessário, um trabalho a realizar em raça a que pertencemos: lutar pela própria individualidade para a manter e desenvolver. Orai e amai a vossa raça. Se não fordes vós mesmos, se abdicardes da vossa personalidade, não havereis deixado nada ao mundo. Não tereis satisfação, utilidade, nada que atraia ou fascine os homens, porque com a supressão da vossa individualidade havereis perdido o vosso carácter distintivo. Vereis, então, que ter abdicado da vossa personalidade significará ter abdicado da missão e da glória particular à qual sois chamados» — aconselha Blyden, notando que «seria de facto renunciar à vossa divina individualidade, o que seria o pior dos suicídios».
Este pensador demonstra que os costumes e as instituições da África negra estão em consonância com as necessidades dos africanos. Ademais, África pode dar um contributo ao mundo nas questões de ordem espiritual. À civilização europeia é dura, individualista, competitiva, materialista e foi fundada sobre o culto da ciência e da técnica. A civilização africana é doce e humana.
Para Nkrurnah, o homem africano é um ser espiritual, dotado de dignidade, integridade e valor intrínseco.
Origens do termo
Pan-africanismo vem do grego, pan (toda) e africanismo (referindo-se a elementos africanos). A criação do termo ocorre no quadro do historicismo do século XIX, no que diz respeito ao destino dos povos e à necessidade de unidade dos grandes conjuntos culturais ou "nações naturais", a partir do expansionismo imperialista ocidental. Discute-se se a autoria da expressão pertence a William Edward Burghardt Du Bois ou a Henry Sylvester Williams.[carece de fontes]
Definição
Em meados do século XX o Pan-africanismo foi explicado como a doutrina política defendida pela irmandade africana, libertação do continente africano de seus colonizadores e ao estabelecimento de um Estado que buscasse a unificação de todo o continente sob um governo africano. Alguns teóricos como George Padmore acrescentaram a partir da Segunda Guerra Mundial, que o governo pan-africano deveria ser gerido segundo as premissas do socialismo cientifico. Outros teóricos postularam o caminho do rastafarianismo político, que defende um governo imperial.
Originalmente, o pan-africanismo centrava-se mais sobre a questão racial que na geográfica. Ainda hoje há muitos que defendam o caminho radicalista, visto os problemas de integração do norte da África, que conta com uma historia de etnia árabe, em uma unidade cultural coerente com a África Subsaariana, de população negra. Os objetivos do pan-africanismo atual, ainda que sejam semelhantes aos originais, mudaram.
História
No início do século XIX, a escravatura ainda estava em vigor no sul dos Estados Unidos, mas não no norte, graças um decreto de 1787, que estabelecia o limite legal no Rio Ohio. Uma minoria de negros no norte tinha atingido uma posição socioeconômica próspera e alguns dos representantes desta classe começaram a desenvolver um sentimento de fraternidade racial que resultou no movimento "de volta para a África". Entre eles Paul Cuffe, um negro nascido livre, de pai africano e mãe ameríndia, que promoveu em 1815 uma tímida experiência de repatriamento para a África, antecessora da Sociedade Americana de Colonização fundadora da Libéria, mas os custos da empreitada dissuadiram-no.
No substrato intelectual que propiciou os movimentos abolicionistas, surgiram desde o início duas tendências na América do Norte: por um lado, os que acreditavam que a escravatura iria acabar, de uma forma ou de outra, e que era necessário encontrar uma casa para ex-escravos na África, a sua terra de origem. Os britânicos tinham estabelecido uma colônia na Serra Leoa entre 1787 e 1808, que se destinava às pessoas libertas dos barcos escravistas que capturavam.
O outro ponto de vista era dos que afirmavam que os descendentes dos escravos deviam permanecer na América e que inclusive tinham que ser capazes de uma subsistência independente. Mas, entre os mais acirrados abolicionista, não se acreditava que a raça negra e a raça branca podiam viver no mesmo espaço e prosperar sem um perpétuo conflito. Foi levado em consideração e pensado pelas próprias pessoas negras que, de uma forma ou de outra, seriam exploradas pelo sistema do homem branco, enquanto não tivessem a sua própria pátria. O elevado custo de envio de tantas pessoas para a África, fez com que a a segunda opção prevalecesse.
Conclusão
O pan-africanismo tem uma importância vital para a história da África, bem como para a formação da Organização da Unidade Africana e de sua sucessora, a União Africana. Esse movimento foi crucial na constituição da identidade negra, tendo sido um instrumento de unidade de luta destes por reconhecimento, direitos humanos, igualdade racial e depois como elemento agregador na luta pela independência (nacionalismo) através de seus congressos, e também como componente aglutinador para formação de uma instituição continental que também tinha como um dos seus objetivos a descolonização de todo território africano.
Bibliografia
- BIRIATE, Manuel Mussa, GEQUE, Eduardo R. G., Pré-Universitário – Filosofia 11, Pearson Moçambique Limitada, Maputo – Moçambique, 1ª edição, 2014
- DECRANENE, Philippe. O pan-africanismo (tradução de Octavio Mendes Cajado). São Paulo: Difusão do Livro, 1962.
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